
A jornalista de Brasília que divulgou o caso da garota de Porto Alegre que teria sido marcada com cortes em forma de suástica está sofrendo ameaças via internet. Até por isso, ela desativou algumas redes sociais, como o Facebook, incluindo a postagem que fez sobre o episódio, que tinha mais de 10 mil compartilhamentos.
— Minha postagem foi invadida por dezenas de mensagens me agredindo, debochando da minha luta feminista, me ameaçando caso continue a divulgar esse tipo de fato. Resolvi dar um tempo na internet — relata a jornalista, cujo nome GaúchaZH não divulga, a pedido dela.
Ela não conhece pessoalmente a garota porto-alegrense que teria sofrido a agressão, mas diz que foi informada do caso porque ambas frequentam grupos feministas que estabelecem intensa interação via redes sociais. Foi então que, como jornalista, decidiu tornar público o fato.
A garota de Porto Alegre, que não teve o nome divulgado, mostrou riscos de canivetes feitos na barriga que lembram uma suástica. Ela teria sido agredida por três homens, que, segundo seu relato, a cercaram após perceber que ela usava decalques com a expressão LGBT na mochila, além de outro escrito Ele Não (contra o candidato presidencial Jair Bolsonaro). A agressão teria ocorrido no dia 8, 24 horas após a eleição do primeiro turno.
A jovem relatou que pegou um ônibus às 18h45min, após sair de um curso, e, ao descer nas proximidades do prédio do Pão dos Pobres, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, teria sido encurralada e marcada com canivete. Ela disse que revidou e foi agredida com um soco no nariz. Assegura que não consegue se lembrar de detalhes do que ocorreu porque teve um ataque de pânico.
Mãe diz que filha não falou da agressão
GaúchaZH tentou falar com a jovem, mas ela não atendeu o pedido de entrevista. Na tarde de quarta-feira (10), a mãe confirmou à reportagem que a filha ficou muito abalada no domingo com a eleição, que teve Bolsonaro em primeiro lugar na disputa pela Presidência. A garota não teria relatado qualquer agressão. Ao ser indagada sobre isso, a mãe da jovem demonstrou surpresa com o caso.
— Ela costuma ser bastante fechada. Hoje estava em casa, estudando, não me contou nada. Nem sei o que dizer. Ela ficou muito abalada no domingo com o resultado das eleições — afirmou.
A mãe disse que a garota costuma fazer diariamente o trajeto pela Rua Baronesa do Gravataí, onde teria sido agredida. Moradores do local se mostraram surpresos com o caso. A história ganhou repercussão após a divulgação do caso na imprensa.
— Ninguém havia comentado nada aqui na rua. Está todo mundo chocado. É muito triste isso — disse uma comerciante de 38 anos.