Doença muscular característica do processo de envelhecimento, a sarcopenia deve ser conhecida por quem está rumo aos 60 anos para que possa ser amenizada de alguma foma. A doença é caracterizada pela perda progressiva de massa muscular e pode predispor a quedas, fraturas e internações hospitalares.
A médica geriatra Carla Helena Augustin Schwanke, professora da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), explica que o idoso enfrentará redução de massa muscular, mas nem sempre tão significativa.
— As pessoas envelhecem de formas diferentes. Isso tem muito a ver com a vida como um todo, o estilo de vida, a prática de atividade física. Tem pessoas com a parte muscular melhor, preservada, que seguem fazendo exercícios ao longo do envelhecimento. O ideal é viver de uma forma mais saudável para envelhecer de uma forma também saudável — comenta Carla, pesquisadora do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS.
Exercícios físicos são fundamentais, principalmente os chamados resistidos, de força, como musculação e treino funcional. Carla ressalta que o ideal é a prática persistir ao longo de toda a vida, mas o início em qualquer momento é capaz de proporcionar benefícios.
— Existia uma ideia de que o idoso não teria benefício em uma academia, e hoje se sabe que não. Idosos realmente fazem hipertrofia, com reflexo no desempenho das coisas também mínimas do dia a dia. A diminuição de força nos membros inferiores pode impactar até para levantar de uma cadeira — diz a geriatra.
A rotina de exercícios deve ser orientada e acompanhada por um profissional de educação física. Paralelamente, também deve receber atenção — e eventuais ajustes — a alimentação, com destaque para as proteínas (presentes em carnes e ovos, por exemplo).
— O envelhecimento tem uma série de alterações que podem favorecer a ingestão diminuída de proteínas, como dificuldade para mastigar — menciona Carla.
O que é sarcopenia?
Doença generalizada e progressiva, característica do processo de envelhecimento, que envolve uma acelerada perda de massa, força e função muscular. Está associada a desfechos adversos, como maior risco de quedas, fraturas, hospitalizações, dependência física e morte.
Quando começa?
Por volta dos 50 anos, inicia-se a diminuição da massa muscular, de forma gradativa.
Todo idoso tem?
Toda pessoa sofre perda de massa muscular, mas nem sempre de forma tão significativa. Dados da literatura científica mostram prevalência em indivíduos de 60 a 70 anos, variando de 5% a 13%. Entre idosos acima de 80 anos, a ocorrência fica entre 11% e 50%.
Quais as causas?
A sarcopenia pode ser primária, quando a perda de massa e força muscular é relacionada à idade, ou secundária, se ligada a má nutrição, inatividade (repouso ou imobilidade no leito, sedentarismo) ou doenças.
Quais os sintomas?
Podem ocorrer perda de peso, sensação de fraqueza, lentificação da marcha, dificuldade para levantar de uma cadeira e subir escadas ou quedas.
Como é feito o diagnóstico?
- A sarcopenia é reconhecida como doença muscular desde 2016, mas o diagnóstico raramente é feito ou documentado nos prontuários dos pacientes, de acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBBG). Em pesquisa realizada pela entidade, 30% dos médicos não especialistas em geriatria informaram não saber fazer o diagnóstico da sarcopenia.
- São utilizados, em etapas, instrumentos como questionário, medida da circunferência da panturrilha, avaliação com dinamômetro (para medir a força força de preensão palmar) ou teste de sentar e levantar da cadeira, análise de bioimpedância elétrica, tomografia computadorizada, ressonância magnética, teste de velocidade da marcha.
Prevenção
Prática de exercícios físicos resistidos (musculação, treino funcional) e ingestão adequada de proteínas.
Tratamento
- É possível fazer com que o quadro de sarcopenia regrida, especialmente quando não é uma forma severa da doença.
- A prática de exercício resistido melhora a massa e a força musculares e o desempenho físico. É necessário contar com a orientação de um profissional de educação física.
- Alimentação rica em proteínas.
- Reposição de vitamina D para pacientes com deficiência desse nutriente.
- De acordo com a SBGG, as evidências científicas disponíveis atualmente são insuficientes para recomendar o uso de medicamentos para o tratamento da sarcopenia.
Por que praticar atividade física?
- Promove bem-estar e melhora a qualidade de vida.
- Melhora as habilidades de socialização por meio da participação em atividades em grupo.
- Aumenta energia, disposição, autonomia e independência para as atividades do dia a dia.
- Reduz o cansaço durante o dia.
- Melhora a capacidade para se movimentar e fortalece músculos e ossos.
- Reduz as dores nas articulações e nas costas.
- Melhora a postura e o equilíbrio.
- Reduz o risco de quedas e lesões.
- Melhora a qualidade do sono.
- Melhora a autoestima e a autoimagem.
- Auxilia no controle do peso.
- Reduz os sintomas de ansiedade e depressão.
- Ajuda no controle da pressão alta.
- Permite controlar o colesterol e o diabetes.
- Reduz o risco de desenvolver doenças do coração e alguns tipos de câncer.
- Melhora a saúde dos pulmões e a circulação.
- Ajuda na manutenção da memória, da atenção, da concentração, do raciocínio e do foco.
- Reduz o risco para demência, como a doença de Alzheimer.
Fontes: Carla Helena Augustin Schwanke, médica geriatra, Guia de Atividade Física para a População Brasileira do Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia