A doença que já foi considerada um câncer e causou pavor em uma geração agora parece ter silenciado. Pouco se fala em Aids, mas os números comprovam que ela não desapareceu. São 781 mil pessoas vivendo com o HIV no Brasil, conforme estimativa do Ministério da Saúde. No ano passado, foram diagnosticados 39.951 casos e, em 2013, 41.199. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
Em Caxias do Sul, são 2.085 soropositivos atendidos pelo Serviço Municipal de Infectologia, que atende também 907 pessoas de 17 cidades da região - na Serra, há outros dois serviços de infectologia: em Bento Gonçalves e em Vacaria. Até outubro de 2015, 250 pessoas procuraram o serviço em Caxias. Em 2011, foram 188 novos casos. Em 2012, 206; em 2013, 242; em 2014; 293.
Do total de pessoas com Aids em Caxias, a maioria é do sexo masculino: 55%. A faixa etária predominante é dos 26 aos 40 anos, mas há também mais jovens e mais velhos com a doença. Conforme a médica infectologista Nicole Golin, há diversos casos de idosos e até mesmo de crianças que contraíram o vírus por relação sexual precoce.
Segundo Nicole, o HIV é um doença que demora para manifestar sinais. Por isso, é preciso estar com os exames em dia: "O quadro Aids tem diversos sintomas. É uma doença silenciosa durante muito tempo e pode manifestar febre e infecções respiratória e urinária mais frequentes. Às vezes, o médico não vai se dar conta, por isso a importância do teste, assim como se faz um teste de glicose, de colesterol".
Miguel*, 48 anos, descobriu em 2001, durante um tratamento de cálculo renal, que estava com Aids. Morador de Caxias, ele não sabe exatamente quando contraiu o vírus, mas acredita que foi bem antes do diagnóstico, pois quando recebeu o resultado positivo, já estava com uma carga viral muito elevada.
"Eu tinha um parceiro, que não era fixo, mas sempre usamos camisinha. No sexo oral, eu tinha dificuldade em usar, por uma questão particular. Depois de um tempo, descobri que tinha gengivite, uma doença nos dentes que deixa portas abertas para doenças. Acredito que foi assim que contrai", diz.
Quase 15 anos depois, Miguel diz que leva uma vida normal, mas, precisa ter alguns cuidados básicos. É necessário tomar os remédios, ter uma alimentação adequada, praticar exercícios físicos e priorizar o descanso.
"Desde o início, tomo medicação. É um remédio ao meio-dia e dois à noite. Além disso, cuido da alimentação, pratico natação e musculação e descanso, no mínimo, oito horas por dia. São cuidados que todos devem ter".
O teste HIV/Aids pode ser feito em qualquer Unidade Básica de Saúde de Caxias do Sul. É coletada uma gota de sangue e o resultado fica pronto em cerca de 30 minutos. Os pacientes também podem procurar o Serviço de Infectologia (Rua Sinimbu, 2.231, 1º andar). Não é necessário agendamento.
* O nome é fictício para preservar a identidade do entrevistado.
Gaúcha
Mais de 2 mil portadores do vírus HIV são atendidos em Caxias
Campanha alerta para importância da detecção precoce do vírus no tratamento da Aids
Juliana Bevilaqua
Enviar emailGZH faz parte do The Trust Project