O histórico acordo de defesa firmado entre Coreia do Norte e Rússia em junho, que sela a aproximação dos dois países em meio à guerra na Ucrânia, entrou em vigor, anunciou a agência oficial norte-coreana KCNA nesta quarta-feira (4).
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, e o presidente russo, Vladimir Putin, assinaram o tratado estratégico durante uma visita do chefe do Kremlin a Pyongyang em junho.
O acordo entrou em vigor nesta quarta com a troca dos documentos ratificados em Moscou entre os dois países, acrescentou a agência.
A oficialização do pacto acontece no momento em que Estados Unidos e Coreia do Sul acusam a Coreia do Norte, que possui arma nuclear, de enviar mais de 10 mil soldados para ajudar a Rússia a combater a Ucrânia.
Segundo os especialistas, o dirigente norte-coreano quer adquirir, em troca, tecnologia de ponta de Moscou e experiência de combate para suas tropas.
O acordo obriga os dois Estados a proporcionarem assistência militar "sem demora" em caso de ataque contra um deles e a se oporem conjuntamente às sanções ocidentais.
Os legisladores russos votaram no mês passado, por unanimidade, a favor do tratado, que foi depois firmado por Putin. Pyongyang declarou que o acordo foi ratificado por um decreto de Kim.
O tratado servirá de "poderosa força motriz para acelerar o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar, independente e justa, sem dominação, submissão nem hegemonia", declarou a KCNA.
Segundo analistas, Pyongyang poderia utilizar a Ucrânia para reorientar sua política externa.
Ao enviar soldados, a Coreia do Norte se posiciona dentro da economia de guerra russa como fornecedor de armas, de apoio militar e mão de obra, e inclusive poderia contornar seu aliado tradicional, vizinho e principal parceiro comercial, a China.
Coreia do Norte e Rússia reforçaram seus laços militares desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Os dois países estão submetidos a uma série de sanções da ONU: Pyongyang por seu programa de armamento nuclear e Moscou pelo conflito ucraniano.
Kim declarou na semana passada, durante uma visita a Pyongyang do ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, que seu governo, seu Exército e seu povo "apoiariam invariavelmente a política da Federação da Rússia de defesa de sua soberania e integridade territorial".
O presidente russo classificou em junho o acordo de "documento revolucionário".
* AFP