
São pelo menos três as pistas que apontam para o sul da Austrália a solução para um dos maiores mistérios da aviação. Às imagens de objetos flutuando no mar divulgadas na semana passada pelo governo australiano somam-se outros registros semelhantes feitos pela França e pela China. No sábado, uma das equipes que sobrevoam o Oceano Índico em busca do Boeing da Malaysia Airlines desaparecido há 17 dias avistou um palete e vários cintos ou correias na mesma região.
O coordenador das operações aéreas da força-tarefa de buscas, Mike Barton, explicou que os paletes são usados para embalar mercadorias nos aviões, motivo pelo qual a descoberta pode ser um vestígio, mas podem ser de navios que passaram pela região. Os objetos foram apenas observados e ontem não era possível afirmar se têm relação com o avião que levava 239 pessoas a bordo.
- Ainda é cedo para serem conclusivos, mas temos agora várias pistas confiáveis, e existe uma esperança crescente de descobrir o que aconteceu com este avião infeliz - disse o premier australiano, Tony Abbot.
No sábado, a China afirmou que localizou por imagens de satélite um objeto de 22 metros de comprimento e 13 de largura a 120 quilômetros do registro australiano anunciado no dia 20 de março. No domingo, a França enviou para as autoridades na Malásia imagens com dois supostos destroços próximos às áreas de busca.

Alerta para ciclone foi emitido na região
A zona de busca tem 59 mil quilômetros quadrados, área seis vezes maior que a Grande São Paulo. Outros quatro aviões militares e quatro aparelhos civis enviados à região para tentar localizar novamente os objetos não observaram nada de significativo. Segundo a imprensa local, a China enviou sete barcos, que se somam aos que já operam no lugar. O navio da Marinha australiana HMAS Success chegou no fim de semana à área de buscas, onde já operam dois navios mercantes. As condições climáticas não são favoráveis para o trabalho. Um alerta para o ciclone tropical Gilliam foi emitido na região.
Um avião P3 Orion da Força Aérea Real da Nova Zelândia dotado de equipamentos de observação eletro-óptica também chegou à região, mas detectou apenas bancos de algas. Dois terços dos 227 passageiros eram chineses, e a irritação cresce entre seus familiares pela forma como as autoridades malaias conduzem a crise. A descoberta de restos no sul do Índico pode sustentar a teoria de sequestro, na qual acredita a maioria dos familiares.
Mar de dúvidas
Onde está?
Os primeiros trabalhos de busca se concentraram entre a Malásia e o sul do Vietnã, seguindo a trajetória do voo MH 370, que fazia a rota Kuala Lumpur-Pequim. Após a confirmação da mudança de rumo do avião, as buscas foram direcionadas para o Oceano Índico.
Desde 20 de março, o rastreamento está centrado a 2,5 mil quilômetros a sudoeste da cidade australiana de Perth, após a detecção por satélites de objetos flutuando que poderiam ser do avião.
Se for constatada a queda nessa área, a distância percorrida pela aeronave confirmará a ideia de que voou até consumir as reservas de combustível.
O que aconteceu?
São mantidas as teorias de sequestro do avião, de um ato desesperado de um dos pilotos ou de um problema que tenha impossibilitado os pilotos de controlar a aeronave.
As autoridades malaias afirmam que os movimentos do MH 370 depois de desaparecer dos radares civis, junto com a desativação dos sistemas de comunicação/localização, apontam para "um ato deliberado" a bordo do Boeing. Os especialistas não identificaram uma motivação que justifique o desvio.
Suspeitos?
A verificação dos antecedentes dos 227 passageiros por seus respectivos países de origem não deu resultado, apesar do temor inicial causado pela presença a bordo de dois iranianos que viajavam com passaportes europeus roubados.
A atenção dos investigadores está concentrada agora no piloto e no copiloto. Os policiais estão com um simulador de voo do comandante, que teve vários dados apagados.
Nenhum elemento material incrimina os dois até o momento.