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espera pela condenação dos acusados é um dos anseios para aplacar a dor coletiva. Polícia e Ministério Público têm convicção de que há provas suficientes para a condenação dos quatro réus, presos desde o ano passado. Graciele, a madrasta, e Edelvânia Wirganovicz, que confessou ter recebido dinheiro da amiga para ajudá-la a preparar a cova, enterrar Bernardo e comprar soda cáustica para "dissolver rápido a pele" do menino e não "dar cheiro", responderão por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, é acusado de homicídio simples e ocultação de cadáver. E o pai, Leandro Boldrini, considerado o mentor de tudo, vai responder ainda por falsidade ideológica, além de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Na visão do Ministério Público, Boldrini agiu com a "desfaçatez de um criminoso" ao procurar a polícia para registrar o desparecimento do filho no dia 6 de abril, mesmo "sabendo que seu plano tinha dado certo e que seu filho estava numa cova vertical coberto por soda cáustica e pedras". O corpo só foi encontrado 10 dias depois do crime, em 14 de abril. A previsão é de que o julgamento aconteça ainda neste ano.
— Como os réus estão presos, o caso deve ter celeridade — diz a nova promotora responsável, Silvia Inês Miron Jappe, ponderando que recursos apresentados pela defesa dos acusados podem provocar atrasos.
Entre a comunidade, permanece a expectativa ainda de reabertura das investigações da morte da mãe do menino, Odilaine. A tese de suicídio é questionada pela defesa, com base em perícias particulares. Uma delas analisa a grafia da carta de despedida. Comparando com outros documentos assinados pela mãe de Bernardo, a perícia sustenta que a carta teria sido forjada. Como a morte ocorreu no consultório de Leandro Boldrini, onde Graciele já trabalhava na época, a suspeita é de que o casal possa estar envolvido.
— Sempre tivemos dúvida — diz a avó de Bernardo e mãe de Odilaine, Jussara Uglione, 74 anos, que por ordens médicas evita acompanhar todos os detalhes do o caso — com problemas cardíacos, carrega uma bolsinha com oito caixas de remédios tomados diariamente.
A promotoria diz que a última perícia particular ainda não foi anexada ao processo, por isso ainda não tem como se manifestar a respeito. Com base em pedidos anteriores de desarquivamento do caso Odilaine, o MP já havia solicitado novas diligências à polícia, e espera o resultado para se pronunciar. Para a delegada Caroline Bamberg Machado, que conduziu tanto a investigação de Bernardo quanto a de sua mãe, não há até o momento qualquer elemento concreto que mude a conclusão da época, de que houve suicídio.
— Se o MP requisitar vamos fazer, mas perícias particulares não têm muita validade. E as novas diligências não trouxeram nenhuma novidade relevante — sustenta.
A previsão é de que o julgamento dos acusados aconteça ainda neste ano.
Entre a comunidade, permanece a expectativa ainda de reabertura das investigações da morte da mãe do menino, Odilaine.