Paulo

vê futebol e confusão

Falta de estrutura e ofensas: o que vê um juiz da várzea

Os gritos vêm do lado de fora do campo de futebol arenoso. De tão ruidosos, parecem sair de um alto-falante:
— Saco de banha! Sem vergonha!

O juiz de futebol amador e organizador de campeonatos de várzea Paulo Naisinger, 44 anos, mais conhecido como Paulão Paquetá, não demonstra reação. Segue apitando a partida entre Ouro Verde e Pedreira na zona norte de Porto Alegre. Responsável pelo torneio Gauchão Metropolitano – A Voz do Amador, realizado na Capital, está habituado ao universo varzeano.

– Nem escuto os xingamentos, faz parte. Pra mim, a várzea é tudo – resume.

Paulão enxerga, de dentro do campo, uma realidade desconhecida para a maior parte dos apreciadores do futebol. Fora os cerca de 300 atletas que participam do campeonato e os poucos familiares que acompanham os jogos, a várzea é praticamente invisível. Falta até apoio: por uma razão desconhecida, atletas e árbitros encontraram os acessos ao vestiário e ao campo municipal fechados antes da partida. Arrombaram os cadeados para se fardar e começar o jogo.

Dentro do campo, o árbitro depara com jogadas ríspidas, discussões com os jogadores, princípio de tumulto entre os atletas e muitos, muitos xingamentos da torcida.

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