Como reduzir a poluição
Passar a responsabilidade adiante é a atitude mais fácil, mas diminuir a quantidade de emissão de poluentes é tarefa de todos
REPORTAGEM
Jéssica Rebeca Weber
EDIÇÃO
Eduardo Rosa
Rodrigo Müzell
DESIGN | ILUSTRAÇÃO
Leonardo Azevedo
PROGRAMAÇÃO
Hermes Wiederkehr
PAPEL DO CIDADÃO
Alguém tem que despoluir o Guaíba. E cuidar da qualidade do nosso ar. E já passou da hora de limpar essa cidade, que está tomada por lixo.
Reclamar e passar a responsabilidade adiante é a opção mais simples. Mas reduzir a poluição que a gente gera não é tão difícil - e surte efeito. Em Porto Alegre, as indústrias - que fecharam ou deixaram a cidade nas últimas décadas - não são mais as principais culpadas pela poluição, diz Renato das Chagas e Silva, chefe do Departamento de Controle e Licenciamento da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Hoje, a poluição urbana de Porto Alegre resulta principalmente de um histórico de falta de investimento do poder público - em saneamento, especialmente - e dos hábitos da população.
- Um dos vilões é o próprio cidadão - garante Silva.
O lixo que se acumula diariamente em uma ecobarreira montada na foz do Arroio Dilúvio, em sua avaliação, é um bom exemplo: foram as pessoas que não deram destino adequado àquelas garrafas, sacolas e pneus. E, embora os impactos a longo prazo tendam a ser severos, não é preciso esperar para ver as consequências. Esse mesmo lixo entope bueiros e gera alagamentos na cidade. Ironicamente, a sujeira lançada nas ruas e arroios acaba voltando para dentro das casas.
Embora boa parte da cidade ainda não seja assistida com rede de saneamento (55% do esgoto é tratado atualmente), a negligência dos moradores também tem um peso grande no cheiro e na cor dos arroios da cidade.
- Existe um fato criminoso, que configura falta de ética até, que é quando a rede de esgoto passa na frente da residência e, em vez de ligar o esgoto cloacal na rede para tratamento, a pessoa liga no bueiro, para desaguar com a água da chuva - aponta o secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Maurício Fernandes.
Quando o assunto é poluição do ar, segundo o secretário, o veículo automotor é o maior responsável pela poluição - e a frota de Porto Alegre aumentou em mais de 200 mil veículos desde 2008, alcançando 835.105 em fevereiro deste ano. Usar mais transporte público seria uma solução para reduzir o impacto ambiental, mas os porto-alegrenses estão fazendo o contrário. Os ônibus de Porto Alegre perderam 10,7% dos passageiros em 2017. Conforme pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) com mais de 3 mil pessoas em cidades com mais de 100 mil habitantes, há uma tendência de abandono do ônibus no Brasil, tendo entre as principais razões apontadas o mau serviço oferecido e desconforto.
Um olhar para a separação do lixo
Entre as ações individuais que mais poluem o planeta está a falta de separação do lixo, na avaliação de Rejane Pieratti, diretora de Desenvolvimento, Produção e Consumo Sustentáveis do Ministério de Meio Ambiente. Quando você vai ao mercado e compra um pacote de pão ou um refrigerante, é sua responsabilidade destinar corretamente a embalagem depois de consumir. E a cultura de deixar de separar os resíduos porque acha que "o lixeiro mistura tudo depois" deve ser revista.
– Sempre tem uma escola, um ponto de entrega voluntária, uma cooperativa para quem podemos entregar – acrescenta Rejane.
Cerca de 260 toneladas potencialmente recicláveis são aterrados pela falta de separação na origem diariamente em Porto Alegre, gerando um prejuízo estimado em R$ 9 milhões ao ano, segundo a prefeitura. Rejane ressalta que, quando isso acontece, além de impedir que o material seja reutilizado, acaba-se levando à diminuição da vida útil daquele aterro, fazendo necessário em um futuro próximo buscar mais áreas para comportar as montanhas de lixo geradas pelas cidades.
Fundadora da Pasárgada - Oficina de Sustentabilidade, Fabíola Pecce já promoveu oito edições de um curso chamado Sustentabilidade do Eu Sozinho. Ela convida cada pessoa a imaginar como seria ficar um mês sem tirar o lixo de dentro de casa para responder se a sua ação faz a diferença.
– É como uma torneira pingando. Se tu colocares um balde embaixo, depois de um tempo vais ver o tamanho do impacto – diz ela.
Talvez você não saiba, mas é infração...
O descarte inadequado em vias públicas, ato considerado lesivo à limpeza urbana, constitui infração leve, segundo o Código Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre, punível com multa de R$ 361,31.
A penalidade é aplicada em função da quantidade de resíduos descartados, podendo chegar a infração gravíssima (quando o volume de resíduo descartado ultrapassar cem litros), de acordo com o Código Municipal de Limpeza Urbana. Neste caso, o valor da multa é de R$ 5.780,88,
Depositar, lançar ou atirar em riachos, canais, arroios, córregos, lagos, lagoas e rios – ou às suas margens – resíduos de qualquer natureza que causem prejuízo à limpeza ou ao meio ambiente constitui infração gravíssima, segundo o código, punível com multa de R$ 5.780,88
No caso de resíduos recicláveis colocados nos contêineres, que são de uso exclusivo para resíduos orgânicos e rejeito, a irregularidade é considerada grave, o que pode gerar multa de R$ 2.882,20, de acordo com o código.
Denúncias para que o Serviço de Fiscalização do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) possa abrir ação devem ser feitas pelo 156
Diariamente são recolhidas cerca de 1,2 mil toneladas de resíduos domiciliares em Porto Alegre
Cerca de cem toneladas são recolhidas pela Coleta Seletiva na capital gaúcha e são encaminhadas para 17 unidades de triagem
Cerca de 260 toneladas (23%) do lixo de Porto Alegre que vai para aterro são caracterizadas como potencialmente recicláveis, mas esses resíduos são aterrados pela falta de separação na origem
Em Porto Alegre, o consumo médio fica em torno de 149 litros de água por habitante ao dia (a Organização Mundial da Saúde recomenda 110 litros por habitante)
Porto Alegre possui 69,5% dos domicílios atendidos por redes com separador absoluto (rede de esgoto cloacal)
20,5% dos domicílios da capital gaúcha utilizam a rede pluvial para o lançamento de esgoto cloacal
10% dos domicílios de Porto Alegre não possuem redes coletoras nem de sistema pluvial nem cloacal
O resultado efetivo de esgoto tratado atualmente é de 55% em Porto Alegre
O governo do Estado e a prefeitura de Porto Alegre não fazem mais o controle da qualidade do ar. A justifica apontada é a falta de recursos para a manutenção das estações.
Aplicativos que podem ajudar a diminuir o impacto ambiental
Neste aplicativo, você escolhe uma meta de redução de tempo no banho e aciona um cronômetro assim que entra debaixo d'água. Quando o tempo delimitado é atingido, uma música irritante (e com um potencial para grudar na cabeça) começa a tocar. É uma maneira engraçada de ser pressionado.
Se você não atinge seu objetivo, o app te lembra que música chata não é a pior consequência do banho demorado. Ainda há uma função de histórico de banhos, para ver quando você colaborou e quanto falhou com o planeta.
O app está disponível apenas para iOS.
O BikePOA ficou de cara nova neste ano, tanto no app, mas também nas estações e bicicletas.
GaúchaZH fez o teste na inauguração do novo sistema.
O aplicativo é muito intuitivo e fácil de usar, permitindo que você verifique onde está a estação mais perto e quantas bicicletas estão disponíveis. Uma das maneiras de desbloquear a bike é por meio do app, que gera um código a ser inserido em três botões localizados junto ao suporte da bicicleta. A contratação dos planos também se dá pelo smartphone.
O app está disponível para iOS e Android.
Bem como o site Footprint Calculator (em inglês), o aplicativo Pegada Ecológica (em português de Portugal) faz uma série de perguntas sobre hábitos de consumo, transporte, alimentação, entre outros. Ao final do questionário, informa quantos planetas Terra seriam necessários se todos os habitantes tivessem hábitos como os seus. Dá para se surpreender com o resultado.
Você sabia?
A humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Se os padrões de consumo e produção se mantiverem no atual patamar, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender nossas necessidades de água, energia e alimentos.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente
Como iniciar uma causa e engajar pessoas
Leia também o especial anterior da campanha 1 ano + alegre
ERROS E SOLUÇÕES
As tarefas do dia a dia demandam recursos naturais e energia, o que pode ocasionar várias formas de poluição e interferir no equilíbrio do meio ambiente. Confira algumas atitudes que podem fazer a diferença:
DESPERDÍCIO DE ENERGIA ELÉTRICA
Sempre que produzimos energia, usamos algum recurso natural. No caso da hidrelétrica, que utiliza a água, os maiores impactos estão associados à execução da obra, que acaba afetando a comunidade do entorno e alterando os ecossistemas em função das áreas de alagadas, explica Amanda Gonçalves Kieling, professora dos cursos de Engenharia Ambiental e Gestão Ambiental da Unisinos.
A energia hidrelétrica ainda depende das condições climáticas e opera conforme o volume de reservatório que tem. Então, é necessário que haja outras fontes de energia para garantir o abastecimento constante, entrando em operação as termelétricas, que utilizam carvão mineral – um recurso natural não renovável que emite gás carbônico, enxofre e óxido nitroso, que alteram a qualidade do ar.
Eu erro quando...
O que fazer: o ideal é manter as luzes artificiais desligadas sempre que houver luz natural suficiente. Também é recomendável evitar a utilização de mais do que uma lâmpada na mesma peça da casa, preferindo lâmpadas de menor consumo, como as fluorescentes ou LED.
O que fazer: observar o consumo energético na etiqueta de eficiência do Inmetro, que vem colada sobre o eletrodoméstico. Eletrônicos apontados neste adesivo como mais eficientes consomem menos energia e têm menor impacto ambiental.
O que fazer: antes de mais nada, lembre-se dos sermões que recebia da sua mãe: evite abrir a porta muitas vezes ou por muito tempo. Também é recomendável evitar a proximidade do eletrodoméstico com fogão, aquecedores ou áreas expostas ao sol, não guardar alimentos ou líquidos quentes, nem recipientes sem tampa na geladeira, fazer o descongelamento do freezer periodicamente, conforme as instruções do manual, para evitar que se forme uma camada com mais de meio centímetro de espessura. Além disso, no inverno, a temperatura interna do refrigerador não precisa ser tão baixa como no verão, então regule o termostato (subir em 1°C o termostato da geladeira pode levar a uma economia de 5%).
DESTINO DO LIXO
Resíduos orgânicos contaminam os recicláveis quando se misturam. A reciclagem de materiais economiza água, energia e recursos naturais, além de diminuir a quantidade de lixo e dar emprego a milhares de brasileiros.
Eu erro quando...
O que fazer: a tinta da caneta é um resíduo tóxico, que não deveria nem parar em um aterro. A primeira dica é: prefira o lápis, que é de material orgânico. E o ideal é descartar a carga da caneta em locais que encaminham de volta para a fabricante. O projeto Clube Porto Alegre Lixo Zero tem conveniadas.
O que fazer: entregue os resíduos recicláveis para a coleta seletiva. Ao fazer isso, você estará evitando que o material vá para o aterro sanitário e economizando matérias-primas para a fabricação de novos. Em Porto Alegre, confira o dia da coleta seletiva na sua rua.
O que fazer: produtos como pilhas, baterias, lâmpadas, cartuchos de impressora e eletrodomésticos precisam ser entregues nos pontos de comercialização dos mesmos ou nos pontos de coleta disponibilizados pela prefeitura.
CONSUMO
Pesquisadores estimaram que mais de 8 bilhões de toneladas de plástico foram fabricadas a partir de petróleo bruto desde 1950. Se o plástico leva 450 anos para se decompor – e ainda por cima dificulta a decomposição de outros resíduos –, isso não pode ser boa coisa.
Eu erro quando...
O que fazer: no Brasil, cerca de 1,5 milhão de sacolas plásticas são distribuídas por hora. Aceitar sacolas plásticas nos supermercados, padarias e farmácias é um velho hábito que demanda pouco esforço para mudar. Leve dentro da sua bolsa, se for uma compra pequena, ou utilize sacolas retornáveis. Caso você precise usar sacolas plásticas, utilize toda a capacidade delas.
O que fazer: 80% das embalagens são descartadas depois de serem utilizadas apenas uma vez. Mas cada vasilhame retornável de bebida pode realizar de oito a 30 viagens e embalagens de refis consomem 30% a menos de recursos naturais em sua fabricação.
Você também pode diminuir esse desperdício optando por produtos com menos embalagens. Evite comprar frutas, verduras e legumes embalados, dê preferência para produtos vendidos a granel (você pode levar de casa a embalagem para esses produtos), compre produtos concentrados que possam ser diluídos antes do uso e compre produtos em embalagens econômicas que possuem menos embalagem por unidade de produto.
O que fazer: peça sacos de papel quando chegar à padaria. E depois os use para colocar seu lixo do banheiro. Manter o material de banheiro fora de sacolas de plástico diminui o impacto do lixo que você gerou.
O que fazer: adquira produtos locais. Ao fazer isso, você estará contribuindo para a economia local e para diminuir as emissões atmosféricas decorrentes do transporte dos produtos. Olhe onde é produzido no rótulo, e saiba se perto da sua casa há alguma feira ecológica.
DESPERDÍCIO DE ÁGUA
Água é um recurso natural renovável. No entanto, a água doce que temos disponível para consumir é limitada.
Eu erro quando...
O que fazer: colocar resíduos sólidos na lixeira, pois você economiza entre 10 e 16 litros/dia com uma descarga a menos. Também não jogue sobras de medicamentos no vaso sanitário. Ao fazer isto, os recursos hídricos recebem uma carga de fármacos que pode afetar os seres vivos.
O que fazer: lembre-se que, a cada minuto, você consome entre seis e 10 litros de água. Seja rápido e, de preferência, feche o chuveiro enquanto passa xampu e se enxagua. Existem aplicativos de smartphone que podem te ajudar a reduzir o tempo de banho também, como o "sai desse banho", para iOS.
O que fazer: feche a torneira durante a escovação, assim como quanto faz a barba. Com isso, há uma economia em média de 20 litros em cada tarefa.
O que fazer: use a água só para enxaguar a louça e estará economizando em média 200 litros por dia.
O que fazer: você pode utilizar água de coleta da chuva ou até mesmo da saída da sua máquina de lavar roupa para essa atividade, poupando 280 litros de água potável a cada 15 minutos.
O que fazer: se sua torneira está pingando, conserte o mais rápido possível. Vai deixar de desperdiçar 46 litros de água por dia.
ESGOTO
Da água que consumimos em nossas atividades, cerca de 75% se transforma em esgoto que deve ser coletado e tratado. Mas o resultado de esgoto tratado atualmente é de 55% em Porto Alegre. Consequentemente, ele chega muitas vezes nos recursos hídricos sem nenhum tipo de tratamento, alterando a qualidade da água. É essa mesma água que será tratada posteriormente para o nosso consumo.
Eu erro quando...
O que fazer: o óleo pode entupir as tubulações da rede de coleta, contaminar os corpos hídricos e o solo. Coloque o óleo de fritura frio em recipientes como garrafas de plástico ou vidro e leve até um dos mais de postos de entrega distribuídos pela cidade
O que fazer: utilize peneira no seu ralo da pia para evitar que restos de comida sejam direcionados aos recursos hídricos.
EMISSÕES ATMOSFÉRICAS
Os processos industriais e de geração de energia, os veículos automotores e as queimadas estão entre as maiores causas da introdução de substâncias poluentes à atmosfera, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Os efeitos da má qualidade do ar não são tão visíveis comparados a outros fatores mais fáceis de serem identificados. Mas estudos epidemiológicos tem demonstrado correlações entre a exposição aos poluentes atmosféricos e os efeitos de morbidade e mortalidade, causadas por problemas respiratórios (asma, bronquite, enfisema pulmonar e câncer de pulmão) e cardiovasculares.
Eu erro quando...
O que fazer: evite viagens desnecessárias de carro. Você estará contribuindo para reduzir as emissões atmosféricas geradas na queima de combustível. Prefira a carona, o transporte público, a caminhada ou a bicicleta. Se você não tem bicicleta, experimente usar o BikePoa. O passe diário custa R$ 8,00 e o mensal, R$ 20,00.
O que fazer: pedaços de móveis em MDF e outros aglomerados usados por vezes como lenha podem ter diferentes tipos de resinas na sua composição e liberam materiais tóxicos. Utilize lenha seca ou carvão vegetal.
Fontes: Amanda Gonçalves Kieling e Daiane Calheiro, professoras de Engenharia Ambiental e Gestão Ambiental; Fabíola Pecce, Fundadora da Pasárgada - Oficina de Sustentabilidade; informações do Inmetro e do Ministério de Meio Ambiente.
COTIDIANO SUSTENTÁVEL
COMO FAÇO PARA TER UMA CASA MAIS SUSTENTÁVEL?
Desde a obra, você pode tomar algumas atitudes pensando na preservação do meio ambiente. Seguem algumas dicas da professora do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Unisinos Andrea Parisi Kern e do arquiteto Bruno Giugliani:
Instale cisternas para coleta da água de chuvas e reuso na irrigação dos jardins, na lavagem dos pátios e calçadas ou mesmo nos vasos sanitárias.
Opte por tintas à base de água em vez de à base de solvente, que pode ser prejudicial para o solo e para as pessoas.
Se vai utilizar madeira, confira se é certificada e vem de reflorestamento.
Converse com engenheiro e arquiteto para criar alternativas para o melhor isolamento térmico (a fim de reduzir o uso do ar-condicionado).
Foque também em uma boa orientação solar das janelas para permitir um bom uso na luz natural (diminuindo o gasto com energia elétrica).
Antes da obra, debata com os profissionais maneiras de reduzir o desperdício de materiais e certifique-se de que os resíduos gerados pela construção civil tenham a destinação correta.
Cogite instalar placas de energia solar, investimento que se paga em aproximadamente cinco anos. Para uma casa com quatro pessoas, seriam necessários doze módulos fotovoltaicos, ao custo de R$ 20 mil a R$ 25 mil, de acordo com Augusto Rech, sócio da Elysia Energia Solar. Essas placas podem gerar 400 kW/hora – o equivalente a R$ 320 na conta de luz, segundo ele.
COMO MEU CARRO PODE POLUIR MENOS?
Veículos automotivos são o maior vilão da poluição do ar em Porto Alegre. Se não é possível reduzir o uso que você faz do seu carro, pelo menos atente a essas dicas, sugeridas pelo instrutor do curso técnico em Manutenção Automotiva do Senai Bernardo Jacques:
Faça a manutenção periódica dos carros, indicada pela montadora para o seu veículo.
Se você comprar um carro usado, certifique-se de que os donos antigos não retiraram o catalisador. Isso acontece, principalmente, por causa do custo elevado para a substituição. Ela fica no escapamento, produzindo uma reação química que minimiza a emissão de gases de efeito estufa.
Certifique-se de que a vela de ignição do veículo está em boas condições. Ela pode colaborar para o aumento da poluição à medida que não propicia a queima completa do combustível dentro do motor, liberando gases de efeito estufa pelo escapamento.
Ao dirigir, preste atenção na rotação do motor. Se você estiver dirigindo com rotação mais alta (ou forçando o carro ou indo muito rápido), aumenta o consumo de combustível e a emissão de poluentes.
A Secretaria de Meio Ambiente acrescenta uma dica: vá apenas em lavagens ou oficinas que tenham licença ambiental – normalmente o documento está pendurado na parede ao lado do alvará. Só assim vai ter a garantia de que você não está colaborando para a poluição do solo ou das águas.
É POSSÍVEL TER UM GUARDA-ROUPA MAIS "VERDE"?
A indústria da moda ainda tem poucas ações concretas no que se refere à redução da poluição, de acordo com Luiz Carlos Robinson, professor de Moda e Gestão Ambiental na Feevale. Mas, se você for atrás de informação, é possível ter um guarda-roupa mais ecológico:
Existem tecidos considerados aliados da natureza. Um deles é o algodão orgânico, que não usa no cultivo nada de agrotóxico, poupando o solo, o ar e os trabalhadores da lavoura.
Você também pode dar preferência para roupas feitas de fibra têxtil produzida a partir de garrafa PET, que ainda promove a reciclagem do material. Normalmente, essas informações estão na etiqueta ou em uma tag junto à peça.
Pesquise na internet se marca de quem você vai comprar tem práticas sustentáveis.
Não tenha medo de trocar peças com os amigos, comprar roupa de brechó ou transformar as suas peças quando estiver enjoado.
Viva sempre bem em Porto Alegre!
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PARA USAR NA ESCOLA
A educação ambiental nas escolas, públicas ou privadas, não se restringe a uma área especializada do conhecimento. Ela precisa estar presente em sala de aula como um tema transversal, em cada disciplina, como destaca a coordenadora da Assessoria de Educação Ambiental e chefe de gabinete da Secretaria Estadual do Ambiente Sustentável, Lilian Zenker.
Uma saída de campo para verificar os problemas ambientais do bairro, por exemplo, pode dar embasamento para o professor de geografia trabalhar o mapeamento das áreas degradadas e impactos na qualidade ambiental, para o professor de biologia estimular a identificação de espécies nativas e exóticas no local e suas relações com o meio e para o professor de matemática ensinar a gerar gráficos dos percentuais de áreas protegidas e afetadas. Ainda é possível trabalhar a elaboração de redações sobre a atividade do ponto de vista ambiental na aula de português e até a aula de educação física permite abordagens – pode-se debater como as atividades em áreas verdes favorecem a saúde física e mental das pessoas.
Tratar o assunto em diversas matérias, relacionando questões que afetam o dia a dia do aluno, deve fazer com que as crianças e adolescentes adquiram hábitos sustentáveis espontaneamente.
– Isso traz para mais próximo dele, da realidade dele – avalia Lilian.
GaúchaZH reuniu algumas sugestões de atividades e estudos que podem ser realizados em sala de aula:
Papel semente: #VolteVerde
Além de incentivar a reciclagem, essa atividade pode trabalhar a relação com a terra por meio do plantio de sementes de flores, temperos e árvores.
A produção consiste em fazer papel reciclado, mas com o acréscimo de sementes na última etapa. Você vai precisar de jornal ou folhas de rascunho que seriam descartadas, água e sementes.
Pique o papel ou jornal e deixe de molho na água por alguns minutos para amolecer.
Coloque o papel no liquidificador e adicione água, viabilizando que seja triturado.
Coe a mistura utilizando peneiras ou mesmo um tecido de algodão, para tirar o excesso de água.
A massa então deve ser prensada contra alguma superfície. Podem ser duas peneiras ou a parte de trás de alguma panela ou tábua de cortes.
A ideia é fazer uma espécie de panqueca e então distribuir as sementes. Aperte elas levemente para que sejam acolhidas na massa.
Deixe secar ao sol ou em um ambiente ventilado.
Você pode criar ilhas, cada uma correspondente a uma etapa, para que os alunos possam ir migrando e conhecendo todo o processo.
Além de levar alguns pedaços para casa, os alunos podem escrever recados relacionados à sustentabilidade no papel-semente e distribuir na escola ou na comunidade.
A atividade foi desenvolvida pela professora de artes Alice Seibel Wapler com o 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Farroupilha em 2016.
Caminho do bem: debate e reflexão a respeito de reportagens
A oficina é realizada em sala de aula e leva em torno de duas horas. O objetivo é trabalhar a consciência de crianças e jovens sobre a preservação e uso consciente da água, do solo, cuidados com a biodiversidade e solidariedade com o outro.
Primeiro é necessário coletar as reportagens de jornais locais sobre temas importantes no combate à poluição, entre outras causas. Além disso, prepare-se com exemplos, dicas e contribuições para cada reportagem escolhida.
Divida a turma em grupos e temas a serem trabalhados e peça para os alunos buscarem as reportagens que estarão disponíveis na sala de aula. Dê um tempo para que eles leiam as matérias e depois convide todos para compartilhar no grande grupo a sua reportagem escolhida.
Pergunte: qual é a importância de proteger os recursos naturais? Qual o seu comprometimento com isso?
Peça para que todos reflitam sobre suas atitudes na sobrevivência de todos os seres vivos no Planeta e o quanto precisamos um do outro para escolher caminhos e soluções para um mundo mais digno, justo, feliz e solidário.
Essa atividade foi adaptada da oficina Caminho do Bem: Educação Ambiental, Consumo Consciente e Ideias Sustentáveis, realizada pela educadora ambiental e socioprofissional Cristiane Tolfo com crianças e jovens de escolas e instituições sociais de Porto Alegre.
Água
Você pode começar um estudo sobre o consumo consciente da água fazendo essas perguntas ao aluno:
Para que serve a água?
De onde vem a água utilizada na escola?
De onde vem a água que a sua família utiliza (rio, lago, poço ou cisterna)?
Existem problemas frequentes de falta de água em sua casa? Em caso afirmativo: o que faz sua família nos momentos em que há falta de água?
O que acontece na sua rua quando chove?
Você pode acrescentar informações importantes sobre os recursos hídricos. Explique, por exemplo, que a água é um recurso finito; que os seres humanos dependem da água para sobreviver; o motivo pelo qual se consome muito mais água hoje do que há cem anos e quais as fontes de contaminação da água
Para estimular a conscientização dos alunos sobre a importância de poupar água, você pode promover uma atividade de investigação sobre o consumo desse insumo, trazendo o tema para perto da realidade deles. O primeiro passo é pedir que os alunos observem e anotem informações sobre o consumo de sua família e na sua escola.
Pode pedir para que investiguem:
Aproximadamente quantos litros de água o aluno e sua família utilizam por dia?
Quantos litros de água contém o reservatório de descarga do vaso sanitário?
Quantos litros de água são utilizados para tomar banho? Para lavar roupa? Para lavar louça?
Para responder a esse conjunto de perguntas, os alunos poderão consultar as contas de água de suas casas, medir ou estimar a quantidade total de água utilizada em uma determinada atividade, coletar e medir a quantidade de água utilizada em um minuto de uma determinada atividade (lavando louça, por exemplo), multiplicar a quantidade de água utilizada por minuto pelo tempo gasto na atividade (para lavar toda a louça) e consultar a tabela a seguir: Consumo de doméstico de água por atividade:
Os alunos deverão identificar que contribuição cada um pode dar para o consumo sustentável de água. Essas informações poderão ser usadas na elaboração de um guia com orientações para o consumo sustentável de água. As perguntas a seguir podem ajudar nessa tarefa:
Que mudanças eu posso fazer nos meus hábitos no sentido de dar minha contribuição pessoal para um consumo sustentável de água? Pode ser pedido que os alunos escrevam (ou desenhem, produzam uma peça de teatro ou uma música) seu compromisso e apresentem para a classe.
Que soluções coletivas podemos encontrar na comunidade que contribuam para o consumo sustentável de água? Faça com que os alunos discutam possíveis soluções a serem propostas para a comunidade.
Que mudanças devemos sugerir aos representantes do Executivo e do Legislativo para que caminhemos no sentido do consumo sustentável de água?
Todas as medidas propostas pelos alunos poderão ser colocadas em cartazes a serem fixados na escola e em pontos estratégicos da comunidade.
FONTE: Consumo Sustentável: Manual de educação, produzido por Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Educação e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (2005)
Lixo
Faça o aluno perceber o que há no lixo. Este exercício pode parecer algo desagradável, mas é importante que os alunos vejam com seus próprios olhos como uma parte significativa do lixo pode ser reciclada. Reúna os alunos em torno de uma mesa grande ou no pátio, onde será feita a análise do lixo. Para isso, os alunos vão precisar de alguns materiais:
Vários sacos de lixo doméstico de uma família com crianças
Proteção para as mãos e para as roupas e máscara
Balança
Sacos plásticos (podem ser sacos usados do supermercado)
Papel de jornal ou um plástico grande
Cubra a mesa ou o chão com o plástico grande ou folhas de jornal e despeje o conteúdo dos sacos de lixo. Não é recomendada a abertura dos sacos com lixo de banheiro. Se os alunos e professores quiserem quantificar essa fração do lixo doméstico, recomendamos que o saco fechado seja pesado, tomando as devidas precauções para que ele não se rompa, por questões de higiene.
Separe os diferentes materiais e pergunte aos alunos quantas frações de lixo podem encontrar. Separando os resíduos domiciliares na fonte, se usam geralmente as seguintes frações: papéis, plásticos, metais, vidros, resíduos tóxicos, resíduos orgânicos, madeira, resíduos recicláveis ou misturados. Depois de separadas, reúna cada fração num saco plástico e pese-a. Os alunos podem anotar cada fração e seu peso num papel grande colado na parede.
Terminada esta parte da atividade, comece uma discussão com os alunos baseando-se nas seguintes perguntas:
Qual é o peso total do lixo coletado?
Qual é a fração maior? Que percentual representa?
O que poderia ser feito com o material orgânico em vez de jogá-lo fora?
O que poderia ser feito com os papéis, os plásticos, os vidros e os metais?
Quantos quilos de lixo gera uma família por mês e por ano?
Que problemas geram os lixões?
Como a quantidade de lixo poderia ser reduzida?
O que poderia ser consertado, em vez de jogado fora?
Que coisas podem ser reutilizadas?
Considere entrar em contato com empresas especializadas na reciclagem de papel, vidro, plástico ou alumínio. Algumas perguntas pertinentes são:
Que materiais reciclam?
Quanto material é reciclado, com relação à quantidade total de cada fração? Por exemplo, que percentual de papel é reciclado?
Como se realiza o processo de reciclagem? É gerado algum tipo de resíduo ou contaminação?
É fácil comercializar os materiais reciclados?
Que vantagens representa a reciclagem para o meio ambiente?
Podem também entrar em contato com associações de catadores. Sugestões de perguntas:
Que materiais coletam?
Onde se vende os materiais coletados?
Há locais de entrega voluntária instalados no município?
Como a escola poderia contribuir para a coleta de materiais recicláveis?
Os professores podem propor uma reflexão de todos, orientada pelas seguintes questões:
O que eu posso mudar em meus hábitos para contribuir para um consumo sustentável e diminuir a quantidade de lixo gerado por mim e por minha família?
Que soluções coletivas podemos encontrar na comunidade para diminuir a geração de lixo?
Que mudanças podemos sugerir às autoridades para diminuir o lixo?
Pode ser colado um cartaz na sala de aula para registrar as ideias de todos. Esse cartaz pode ser alimentado permanentemente por novas ideias e pode servir de base para discussões periódicas, comparando o que foi proposto e o que realmente tem sido realizado.
FONTE: Consumo Sustentável: Manual de educação, produzido por Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Educação e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (2005)
Ar
Como os veículos motorizados são os principais vilões da qualidade do ar em Porto Alegre, podem ser feitas algumas atividades a respeito de transporte. Uma boa forma de introduzir o tema junto aos alunos é com a seguinte pergunta:
Existe alguma relação entre veículos motorizados, meio ambiente e nossa saúde?
Cada aluno deverá escrever sua resposta num papel e colocá-lo dentro de uma caixa (pode ser uma caixa de sapatos). Em seguida, o professor ou um aluno lerá em voz alta as respostas e colará todas elas num cartaz afixado na parede.
Nesta tarefa, os alunos deverão identificar que meios de transporte ele e sua família utilizam. Pode-se trabalhar em grupos de quatro alunos. Eles devem discutir o tema a partir das seguintes perguntas:
A que lugares se deslocam você e sua família durante a semana?
Que meios de transporte utilizam?
A que lugares poderiam ir sem usar um veículo motorizado?
Peça aos alunos que façam uma comparação entre as suas necessidades e as de seus colegas de grupo. Eles podem encontrar algumas soluções coletivas às suas necessidades de transporte?
Levantamento da quantidade de automóveis
Quantos automóveis particulares há no seu bairro/cidade ou país?
Esse número tem aumentado nos últimos cinco ou 10 anos?
Se o aumento continuar no mesmo ritmo, quantos automóveis haverá daqui a 10 anos?
Que problemas isso acarretaria para o meio ambiente e as pessoas?
Por que razões as pessoas se empenham tanto em comprar automóveis?
Alguns desses dados podem ser encontrados junto ao Detran ou à EPTC. Os alunos comentarão com seus colegas de curso as informações obtidas em suas pesquisas e as conclusões alcançadas. Em seguida, deverão estabelecer uma forma de difundir os resultados de suas investigações.
Nesta etapa, os alunos deverão avaliar que mudanças cada um pode realizar em seus hábitos para que exista um transporte mais sustentável.
Em seguida, os alunos deverão avaliar que soluções coletivas podem encontrar na comunidade para chegar a ter um transporte mais sustentável. As sugestões dos alunos também deverão ser anotadas num papel a ser fixado na parede.
Por fim, os alunos deverão analisar que mudanças podem ser sugeridas às autoridades municipais, estaduais e federais para implementar um transporte sustentável.
FONTE: Consumo Sustentável: Manual de educação, produzido por Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Educação e Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (2005)
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) e o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) podem colaborar em alguma atividade ou pesquisa prática na sua escola. Confira algumas iniciativas:
O DMLU se dispõe a ajudar na criação de uma estação de compostagem nas escolas de Porto Alegre. Essa ação pode ensinar aos alunos uma forma de recuperar os nutrientes dos resíduos orgânicos e levá-los de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura ou jardinagem.
Além de disponibilizar a composteira, construída com material de reaproveitamento, e o composto para subsidiar o primeiro plantio, uma equipe repassa os ensinamentos necessários para que a escola toque o projeto. Informações pelo e-mail cgea@portoalegre.rs.gov.br.
Se há nas proximidades da escola um foco de lixo irregular, esse projeto visa transformar aquela área em um jardim, contando com a ajuda dos alunos para dar vida ao espaço e fazer a manutenção. Utiliza materiais de descarte, como por exemplo, tubos de concreto, que não possuem reciclagem e seriam destinados ao aterro sanitário, mas que ainda estão em condições de uso para canteiros e vasos. O projeto costuma contar com a colaboração da comunidade para arrecadar doação de mudas e materiais para a revitalização.
Além de disponibilizar a composteira, construída com material de reaproveitamento, e o composto para subsidiar o primeiro plantio, uma equipe repassa os ensinamentos necessários para que a escola toque o projeto. Informações pelo e-mail cgea@portoalegre.rs.gov.br.
Essa visita guiada para mostrar o trajeto do resíduo e quem trabalha com o mesmo é direcionada aos professores e funcionários da escola, que farão o papel de multiplicadores do conhecimento obtido. O roteiro inclui uma Unidade de Destino Certo, a Unidade de Transbordo da Lomba do Pinheiro e a Unidade de Triagem e Compostagem. Informações pelo e-mail cgea@portoalegre.rs.gov.br.
A equipe de educação ambiental do Dmae realiza atividades nas escolas e visitas com crianças a partir dos cinco anos de idade. São oficinas, tour orientado na hidráulica Moinhos de Vento e palestras onde os temas abordados, além dos cuidados com a água, destacam a importância da separação e do descarte correto dos resíduos. Agendamentos e solicitação de informações sobre estas atividades com a Equipe de Educação Ambiental: (51) 3289-9727.