
A Volare chega aos 25 anos consolidada como líder no mercado nacional de micro-ônibus. Em se tratando de uma subsidiária da gigante Marcopolo, não chega a ser uma surpresa, mas existem outros motivos que ajudam a explicar esse sucesso. O principal deles é a atenção dada a cada projeto, com soluções que vêm da ponta, ouvindo o consumidor e o cliente final.
– Nós aprendemos a conhecer a necessidade de cada lugar ou público. Nossa engenharia sempre acompanha a equipe comercial, para evoluirmos – observa o gerente nacional de vendas governamentais e de varejo da Volare, Sidnei Vargas.
Foi com essa preocupação que a empresa desenvolveu um portfólio de soluções para o transporte escolar, com veículos que comportam até 53 passageiros, além do motorista. Segundo Vargas, eles são capazes de circular em condições extremas, como as versões equipadas com suspensão independente nas quatro rodas.
Em entrevista, ele analisa os fatores que levaram a Volare a mais de duas décadas de liderança no mercado brasileiro e projeta o que vem por aí. Confira:
Como teve início a relação da empresa com o transporte escolar?
Desde o início da Volare, em 1998, a gente teve o cuidado e nos interessamos pelo segmento. Foi o primeiro micro-ônibus do Brasil dedicado a esse público. Trabalhamos muito na migração do transporte alternativo e informal das grandes cidades. O sistema veio se regularizando e houve uma migração para veículos pensados com essa finalidade. Em 2007, o governo federal iniciou o Programa Caminho da Escola e desde o início a Marcopolo teve uma participação ativa, no sentido de discutir engenharia, aplicação e desenvolvimento do programa. Hoje temos duas categorias de produtos, uma rural e uma urbana. Uma das opções de transporte rural é o ORE I 4X4, com suspensão integral e independente nas quatro rodas, que a Volare desenvolveu para o programa a pedido do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), para regiões do Brasil que precisam de um produto adequado para estradas com condições severas de rodagem.
Além dos veículos com tração 4x4, que outras soluções a Volare desenvolveu nos últimos anos?
Outro destaque é o Access, que atende pessoas com mobilidade reduzida e é o micro-ônibus mais acessível do Brasil. Tem suspensão pneumática e motor traseiro. Em vez de sistema de acessibilidade por elevação, é o veículo que “ajoelha” para receber um cadeirante, por exemplo. Desenvolvemos para o programa Caminho da Escola. Geralmente, as montadoras fabricam um chassi e as encarroçadoras desenvolvem a carroceria. Neste caso, foi ao contrário. Desenvolvemos, no assoalho, um salão para receber os alunos. O cadeirante pode ficar no meio, entre os dois eixos, que é o lugar mais confortável. Chamamos um parceiro de chassi e pedimos para desenvolver um modelo adequado a essa carroceria.
Qual o tamanho da responsabilidade ao se fazer veículos que vão transportar tantas crianças?
Nossa prioridade é sempre oferecer conforto e segurança, atendendo a tudo que a legislação prevê e buscando soluções que ainda nem foram especificadas. As normas ganham idade e precisam de atualização. Se a gente entende que uma nova solução traz mais segurança – e fazemos muito investimento em testes –, implementamos e levantamos o debate sobre a necessidade de atualizar as regras. Por isso, temos a cultura de sempre contar com engenheiros que acompanham a equipe comercial, a fim de entender e levar para a fábrica as necessidades de cada contexto, desenvolvendo a melhor solução possível.
Para onde se volta a atenção da empresa nos próximos anos?
Os investimentos serão focados em novas tecnologias, como a eletrificação. Manteremos o foco também no desenvolvimento do nosso portfólio, cujos veículos vão de seis a 10 toneladas. Dentro desse mundo, a gente trabalha em mercados como turismo, fretamento, urbano e escolar. Olhando para cada um desses segmentos, a gente ainda se especializa em nichos.
No caso do fretamento, por exemplo, temos o de saúde, que atende contas governamentais em todo o Brasil, o industrial, o do agronegócio, o da mineração, entre outros. Para se ter uma ideia, temos veículos que rodam mais de mil metros abaixo de montanhas e em minas de céu aberto para extração de minério. Onde andam aqueles caminhões extrapesados, a gente roda com Volare também.
Agora há um movimento mundial pela eletrificação. Estamos analisando como isso vai se aplicar em cada lugar. Nas grandes capitais está mais fácil, mas no interior vai ser um desafio muito grande por causa da infraestrutura necessária para abastecer.