A única biografia autorizada de Steve Jobs foi lançada nos Estados Unidos esta segunda-feira (24), duas semanas e meia depois da morte do gênio perfeccionista que revolucionou o mundo, mas que também foi um chefe temido e um homem cuja vida foi marcada pela condição de filho adotivo.
O aguardado livro, escrito por Walter Isaacson, intitulado simplesmente Steve Jobs, retrata em suas 630 páginas o visionário da tecnologia em seus pontos altos e baixos e já faz parte da lista dos livros mais vendidos para o leitor digital Kindle, da Amazon.
- Tive muita sorte na minha carreira e na minha vida. Fiz tudo o que podia fazer - confidenciou Jobs ao seu biógrafo pouco antes de sua morte, aos 56 anos, em 5 de outubro.
- Exijo das pessoas a perfeição, é o que eu persigo - revelou a Isaacson em uma das 40 entrevistas celebradas entre 2009 e 2011.
O livro revela uma personalidade complexa, que segundo o biógrafo "era capaz de deformar a realidade" se esta não lhe conviesse. Segundo Isaacson, Jobs foi um gênio de criatividade rara que revolucionou seis indústrias: a dos computadores, a dos filmes de animação, a da música, a dos telefones, a dos tablets e a da publicação digital.
Steve Jobs era filho adotivo, uma condição que marcou sua vida. Ele cresceu nos anos 1970, na Baía de San Francisco, rodeado pela cultura hippie, e fascinado pela tecnologia.
Entre as passagens mais chamativas do livro está a que se refere ao seu câncer, do qual tomou conhecimento em 2003. O co-fundador da Apple se recusou a se operar durante nove meses porque não queria que abrissem seu corpo, elegendo outros métodos para enfrentar a doença, com um estrito regime vegetariano, acupuntura e outros tratamentos encontrados na internet.
Quando finalmente aceitou ser operado, o câncer tinha se espalhado e Jobs mentiu publicamente, afirmando estar "curado", enquanto se submetia a uma série de tratamentos. Em agosto, o gênio da Apple pensava ainda ter tempo, ao confidenciar a Isaacson: "sei que haverá muitas coisas no seu livro das quais não gostarei. Eu o lerei dentro de um ano, se ainda estiver aqui".
- Às vezes acredito em Deus, às vezes, não. Acho que é 50, 50. Talvez porque queira acreditar na vida depois da morte - afirmou em outra passagem.
Entre seus planos, Jobs queria criar uma televisão Apple "muito fácil de usar" e que fosse "integrada a todos os outros aparelhos" que tinha desenvolvido, com o objetivo final de fazer com a TV o que tinha feito com os computadores, os reprodutores de música e os telefones".
Também queria destruir o Android, sistema operacional para celulares inteligentes do Google, o qual considerava ter sido roubado do iPhone.
- Lutarei até meu último suspiro e gastarei cada centavo dos 40 bilhões que a Apple tem no banco para corrigir isso. Vou destruir o Android porque é um produto roubado. Estou preparado para uma guerra termonuclear - desafiou.
No campo da política, Jobs se dizia "desiludido" com o presidente Barack Obama, embora em fevereiro passado lhe tenha dito, durante um jantar, que estava pronto para fazer o que ele lhe pedisse para ajudar os Estados Unidos.
Como chefe, era terrível, "um dos piores do mundo", na definição do seu biógrafo.
- Podia ser muito duro, fosse com uma empregada ou com um programador que passou a noite trabalhando. Era capaz de dizer-lhes, 'o que você faz não serve para nada' - escreveu Isaacson.
Apesar de milionário, Jobs demonstrava uma relação de desconfiança com o dinheiro: "vi muita gente na Apple que era simpática e simples e que quando enriqueceu, comprou Rolls Royce, casas. Ficaram estranhos. Prometi que não deixaria o dinheiro arruinar a minha vida".
Lançada nos Estados Unidos única biografia autorizada de Steve Jobs
Redação Donna
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