Nas primeiras semanas da crise humanitária, o Centro Logístico da Defesa Civil Estadual localizado na Avenida Joaquim Porto Villanova, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre, onde ficam os galpões da antiga CEEE, se transformou em uma verdadeira cidade. Perto de 2 mil voluntários se desdobravam para receber, fazer a triagem e despachar itens de primeira necessidade.
Na quarta-feira (29), de acordo com informações da Defesa Civil, esse contingente havia despencado para uma centena de abnegados — cerca de 20 vezes menos.
— A gente sabe que, com o retorno das atividades das pessoas, de trabalho, escolas, além daqueles que conseguem voltar pra e acabam precisando da ajuda de vizinhos pra fazer a limpeza das suas casas, o voluntariado acaba se reduzindo — avalia a tenente Sabrina Ribas.
Por conta disso, o governo estadual está ampliando o chamamento da lista com 60 mil possíveis voluntários cadastrados, assinou um termo de cooperação com uma ONG que vai apoiar a captação de mão de obra e finaliza um contrato com os Correios para ajudar no trabalho dentro dos centros de distribuição.
Conforme o vice-governador Gabriel Souza, a ideia é os Correios assumirem aos poucos essa atividade de recepção e triagem dos donativos, começando pela Capital e por Passo Fundo. Para distribuir tudo o que está sendo acumulado pela onda nacional de solidariedade, há um cadastro aberto para contratar empresas de logística, já que o transporte voluntário também tende a se reduzir.
Enquanto isso não se materializa por completo, os voluntários restantes se esforçam para manter o fluxo de doações pulsando. Na unidade da Capital, o aposentado Luciano Cristane, 69 anos, trabalhava na quarta-feira ao lado da mulher, Rosângela, 59 anos, e do filho Lucyano, 23, montando cestas básicas.
— Nunca tinha feito esse tipo de atividade, mas me sensibilizei com o que vi — conta Luciano, que teve sua casa no bairro Partenon preservada da inundação.
Na área da antiga CEEE, na Capital, o centro de logística recebe donativos que chegam principalmente por caminhões. Depois de descarregados, os materiais são inicialmente estocados em diferentes pontos conforme a classificação.
O pavilhão principal, com tamanho aproximado de um campo de futebol, armazena alimentos e materiais para limpeza como pás e lavadoras de alta pressão. Em uma área próxima, ficam os colchões e roupas de cama.
Outro galpão próximo concentra as doações de água, e mais um, operado pelo Exército, itens da chamada linha branca, como geladeiras e lava-roupas. Um segundo conjunto de pavilhões recebe o material previamente estocado, onde voluntários montam cestas básicas e kits de limpeza doméstica.
Conforme a demanda das prefeituras, esses artigos são despachados também por caminhões até o destino final em algum dos muitos pontos afetados pela maior tragédia climática já vista no Estado.
Como se voluntariar
- No site sosenchentes.rs.gov.br, acesse a área Voluntários