Em 2024, Sofia Ferro Wenzel, 15 anos, não só começará o Ensino Médio, como trocará de escola, já que a atual não oferece a etapa. A mudança traz uma série de incertezas: "será que vou me adaptar? Será que escolhi o itinerário formativo ideal, ou vou querer trocar? Será que vou fazer amigos? Será que vou conseguir me preparar para o vestibular?"
A virada do ano representa uma transformação para aqueles que estão concluindo uma fase para, em seguida, começar outra. Essa época pode trazer sentimentos mesclados de empolgação e angústia. Ter com quem compartilhar ajuda a amenizar as sensações.
Articulada e já com ideia sobre qual área pretende seguir – Jornalismo, como os pais –, Sofia, mesmo assim, reconhece em si algumas preocupações para o começo desse novo momento.
— Acho que é uma fase mais difícil de fazer amigos, porque as pessoas são mais fechadas, e, se tu muda de escola, muitas vezes, os grupinhos já estão formados, sabe? Então, é mais difícil até mesmo de tu te sentir incluído em um novo lugar. Além da questão da educação, em que tudo vai mudar e tu tem que fazer grandes decisões, tu tem que saber socializar, o que, muitas vezes, é difícil nessa idade — avalia Sofia, que acha que alunos dessa faixa-etária demandam que todos do grupo estejam em padrão específico, com o qual ela não se identifica.
A jovem de Porto Alegre estudou, até 2023, no Colégio La Salle Pão dos Pobres. Em 2024, migrará para o La Salle Santo Antônio. Mesmo não conhecendo ninguém que fará essa troca, em um curso da Rede La Salle, se apaixonou pela estrutura da escola, e decidiu que iria para lá. No início do ano letivo, contará com o apoio de dois estudantes-padrinhos, que terão a missão de integrá-la na instituição, iniciativa aprovada pela adolescente.
A mãe de Sofia, Camila Ferro, considera que, como a reforma no Ensino Médio, que demanda que o aluno escolha uma área de aprofundamento para seguir – no Santo Antônio, há uma focada em Ciências Humanas e outra em Ciências Exatas –, é ainda mais desafiador mudar de escola nesta etapa, já que não é possível uma transição mais progressiva, com palestras apresentando todos os caminhos possíveis. A solução de Sofia foi pedir apoio ao novo colégio.
— Eu fui lá (ao Santo Antônio) e a gente marcou uma reunião, em que nos explicaram direitinho como funcionam os itinerários, que, lá, são mais amplos, mas eu sei que em outras escolas podem ser mais focados. Aí, acho um pouco mais complicado, porque nessa idade, muitas vezes, a gente não sabe direito para onde quer ir. Antes, tu tinha mais três anos para decidir, e é uma decisão muito grande — comenta a jovem.
A perspectiva de alterações na reforma do Ensino Médio também gera angústias, uma vez que pode fazer com que parte da metodologia e da estrutura sofram modificações.