Quando Isabela Danzmann, 18 anos, recebeu a reportagem de GZH em sua casa, em Cachoeirinha, ainda não tinha se formado no Ensino Médio, o que aconteceria no dia 23 de dezembro. Já havia recebido, porém, a melhor notícia do ano: conseguiu uma vaga em Fonoaudiologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ainda havia temores sobre a aprovação da documentação, mas a jovem resolveu comemorar a conquista.
— Eu faço o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) desde o 1º ano e, desde o 9º ano do Fundamental, já fazia alguns vestibulares. Foram muitos anos me preparando. Sempre foi um sonho. Desde pequenininha, eu lembro de pesquisar a cor da toga de cada curso — recorda.
A virada do ano representa uma transformação para aqueles que estão concluindo uma fase para, em seguida, começar outra. Essa época pode trazer sentimentos mesclados de empolgação e angústia. Ter com quem compartilhar ajuda a amenizar as sensações.
Aluna da Escola Estadual Presidente Kennedy, Isabela contou a novidade da aprovação, em seu Instagram, em um post com a seguinte frase: “O maior ato de rebeldia de um aluno de escola pública é estar dentro de uma universidade”. Em seu colégio, sente que teve todo o apoio para a sua preparação, dentro das possibilidades. Em casa, também.
— Por ser filha única e os meus pais não terem conseguido se formar na faculdade, eles sempre tiveram muito essa preocupação. Comecei cedo a fazer o Enem até para ir trabalhando essa ansiedade em mim, pra eu saber que vou chegar lá, vou fazer isso, não vou fazer aquilo. Mas, mesmo assim, neste ano, sofri de ansiedade durante a primeira prova. Perdi uns 20 minutos no banheiro — relata.
A estudante acredita que fazer o exame nacional ao longo do Ensino Médio ajuda a preparar técnica e psicologicamente para o momento de fazer a prova “a sério”. Ela conta também com suporte de terapia com uma psicóloga para lidar com o momento de transformações.
— Agora, será uma etapa mais difícil, sem escola, professor, recreio, lanche. Eu não tive o encerramento do meu Ensino Fundamental, porque foi durante a pandemia, então, simplesmente, nunca mais vi ninguém. No Poli (Escola Presidente Kennedy), eu vivi os melhores três anos da minha adolescência, com festas, baile de inverno, gincana, grêmio estudantil. Vai ser estranho não voltar para lá — analisa a jovem.
Apesar das dúvidas e mudanças, Isabela está animada: se não der para ingressar na UFRGS, vai trabalhar ou tentar bolsa em uma instituição privada. Só não vai desistir do seu sonho.