Com a taxa Selic na mínima histórica, o rendimento de aplicações de renda fixa, como a caderneta de poupança, fica menor. Assim, cresce a procura por investimentos de renda variável. Prova disso é a alta na busca por ações de empresas na bolsa de valores, a B3.
Em julho, o número de contas mantidas por investidores gaúchos alcançou a marca de 157,2 mil. Representa avanço de 66,3% em relação a dezembro de 2019 (94,5 mil).
Mas, antes de alterar radicalmente a carteira de investimentos pessoais, é recomendável ter cautela. O ideal é que cada pessoa avalie seus objetivos de vida e, a partir daí, busque mudanças, dizem especialistas.
Apesar da possibilidade de ganhos robustos, investir em ações também embute riscos. Em um dia, a bolsa pode subir bastante. Na sessão seguinte, cair em intensidade igual ou maior. Logo, buscar conhecimento e auxílio de profissionais especializados tende a ser útil.
Professor da PUCRS, o educador financeiro Leandro Rassier ressalta que aplicações de renda fixa, devido ao rendimento menor, servem mais como reserva para cobrir despesas no curto prazo — ou de emergência. Entre elas, parcelas da compra de um carro ou de um apartamento, por exemplo. Agora, se o investidor deseja ampliar os ganhos, a saída é mesmo destinar recursos para a renda variável, indica Rassier.
Nesse sentido, o especialista afirma que fundos de investimento multimercados servem como opção interessante. Essa modalidade pode reunir tanto aplicações de renda fixa quanto de variável, incluindo ações de empresas na bolsa. Seria uma espécie de caminho intermediário até modalidades de maior risco.
— Fundos multimercados são uma boa opção, porque podem unir renda fixa e variável. Os bancos ainda oferecem debêntures (títulos de crédito). Além disso, existem títulos públicos que dão retorno maior do que a poupança — relata Rassier.
O assessor de investimentos Adriano Severo, da Severo Educação Financeira, também enxerga nos fundos multimercados uma forma de iniciar a busca por ganhos superiores à renda fixa. O especialista sinaliza que diversificar aplicações representa dica adicional para preservar a saúde do bolso. Ou seja, o aconselhável é ter mais de uma opção de investimento na carteira, o que reduz riscos de perda.
— É sempre importante buscar a diversificação. As pessoas precisam conhecer investimentos. Quanto mais souberem sobre o assunto, mais alternativas elas vão ter — sublinha Severo.
Para entender a bolsa
O que é a bolsa de valores?
É o espaço em que investidores podem comprar e vender ações de empresas. No Brasil, a bolsa que está em operação é a B3 (anteriormente chamada de Bovespa), com sede em São Paulo.
Como investir na bolsa?
É preciso que o interessado se cadastre em uma corretora registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Assim, pode abrir uma conta para iniciar as aplicações.
O que são as ações?
São pequenas partes de uma empresa. Ao abrir seu capital, uma companhia o divide em várias ações, oferecidas na bolsa a possíveis investidores. Quanto mais papéis eles comprarem, maior será a parcela na empresa.
Quais são os tipos de ações?
-Ordinárias: dão direito a voto em assembleias que debatem os rumos das empresas.
-Preferenciais: não concedem direito a voto em assembleias, mas garantem preferência no recebimento de dividendos — parcelas do lucro das companhias.
Há valor mínimo de investimento?
Não há valor mínimo. A quantia varia em cada caso, dependendo, por exemplo, do preço das ações de cada empresa.
O que é o índice Ibovespa?
É o principal índice da bolsa. Sua variação é calculada com base no desempenho das ações de grandes empresas listadas no mercado brasileiro. Quando se diz que a bolsa teve alta de 1% ao final de uma sessão, é porque o valor do Ibovespa, em pontos, também aumentou 1%.
Há riscos nos investimentos?
Sim. Investir na bolsa tem riscos. Ações de empresas podem resultar em maiores rendimentos do que opções de renda fixa, como a poupança, mas também há chance de perdas. Por quê? Em um dia, os papéis de uma companhia podem registrar alta expressiva e, na sessão seguinte, cair em igual magnitude. O sobe e desce é conhecido como volatilidade.