Não sei se vocês sabem, mas sou advogado. Nunca exerci, apesar de ter muito orgulho da minha formação e valorizar demais o tanto de coisa que aprendi ao longo dessa minha breve carreira.
Foi em 2007 que resolvi deixar de lado essa parte da minha vida e viver mais intensamente a gastronomia.
Casualmente, essa foi a fase que a galera que sempre fez parte do meu ciclo de amizades começou a namorar mais firme e, na maior parte dos casos, essas relações duram até hoje, graças a Deus.
É bem possível estabelecer um padrão do que ocorreu nessas poucas vezes em que o lance não durou tanto assim, mesmo porque o comportamento da galera em geral foi o mesmo nas outras tentativas frustradas pela eterna busca da cara-metade.
A coisa vai ficando cada vez mais complicada, porque com o passar do tempo as pessoas vão se tornando exigentes ao extremo, e os pré-requisitos necessários para que alguém tenha as características desejadas ficam quase inatingíveis. Mas o ponto nem é esse, para mim, o problema vai muito além.
Se as pessoas realmente conseguissem encontrar esse alguém com o perfil desejado (uso “perfil” propositalmente porque às vezes esse processo parece uma entrevista de emprego), eu tenho certeza mais do que absoluta de que a relação duraria sabe quanto? Dois meses.
E sabe por quê? Eu digo. O perfeito é muito chato, é previsível, dá sono, não gera emoção nenhuma nem nos tira da zona de conforto. Não tem nada mais insosso e sem graça do que a perfeição, sério mesmo.
A minha teoria é a mesmíssima para os restaurantes. Atualmente, tenho fugido daqueles que estão bem próximos da perfeição. Eles não têm alma, não têm verdade, é cópia de algum outro, é novela das oito.
Mil vezes um lugar que tenha propósito, que arrisca, que não tem medo de ser quem é, que assume sua imperfeição e lida superbem com isso. Esta autoconfiança é que me seduz, as imperfeições ganham uma outra conotação e tornam-se características bem charmosinhas!