A família real
Leandro Behs
Em 1940, o presidente Getúlio Vargas ainda não havia colocado o Brasil junto aos aliados na Segunda Guerra Mundial e até demonstrava alguma aproximação com a Itália fascista de Mussolini, quando Pelé nasceu em Três Corações, interior de Minas Gerais, no dia 23 de outubro. Filho de Celeste (a quem mais tarde Pelé homenageou colocando seu nome na filha do segundo casamento, com Assíria Lemos) e de João Ramos do Nascimento, o Dondinho, o menino foi batizado de Edson por causa do empresário norte-americano Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica.
A ideia do nome foi em razão da recente chegada da eletricidade à pequena Três Corações.
Dondinho vivia de bicos e era jogador de futebol — chegou a atuar pelo Atlético-MG e pelo Fluminense. Ao ver o filho pela primeira vez, sentenciou: — Olha só os gambitos dele. Vai ser bom de bola e alguém na vida.
Edson ainda era chamado de Dico quando passou a acompanhar o pai nos jogos do Vasco de São Lourenço (MG). Gostava de assistir ao goleiro José Lino da Conceição Faustino, o Bilé. Ainda guri, ele pronunciava "Pilé" em vez de Bilé. Foi um passo para que a garotada o chamasse de Pelé. Não gostou e, como manda a regra mundial dos apelidos, aí sim, a alcunha pegou.