A última batalha do Rei
Valter Junior
valter.santos@zerohora.com.br
A batalha de Pelé contra o câncer durou pouco menos de um ano e meio. A doença foi diagnosticada no fim de agosto de 2021. Dias depois, ele passou por cirurgia para retirada de tumor no cólon direito. Desde então, o Rei do Futebol passou por tratamento quimioterápico. A última passagem pelo Hospital Albert Einstein teve início em 29 de novembro e não estava programada. Assim como diversos defensores que cruzaram o caminho de Pelé, ele foi pego de surpresa pela doença. Em 31 de agosto de 2021, o tricampeão mundial ingressou na instituição de saúde para a realização de exames de rotina, que vinham sendo adiados desde o ano anterior devido à pandemia de covid-19. Os resultados do check-up apontaram a existência do tumor maligno. Dias depois, passou por cirurgia para retirada. Em 30 de setembro, ele recebeu alta. A partir dali, passou por internações periódicas para aferir a eficácia do tratamento. Em fevereiro, voltou a ser internado, desta vez para tratar uma infecção urinária. Seis meses depois, passou por mais uma etapa do tratamento em outro período que ficou no hospital. No início de 2022, foi diagnosticado com metástases no intestino, pulmão e fígado. Os últimos dias de vida de Pelé foram envoltos de mistério. Poucas informações oficiais foram disponibilizadas sobre o estado de saúde dele. No dia em que deu entrada no hospital, a ESPN informou que o ex-jogador apresentava quadro de anasarca _ caracterizada pelo inchaço generalizado _, síndrome edemigênica (edema generalizado) e identificou uma insuficiência cardíaca descompensada. A notícia não foi confirmada. O primeiro boletim, divulgado no dia seguinte, informou que "Edson Arantes do Nascimento foi internado no Hospital Israelita Albert Einstein ontem (terça-feira, 29 de novembro) para uma reavaliação do tratamento quimioterápico do tumor de colón identificado em setembro de 2021. Após avaliação médica, o paciente foi levado a um quarto comum, sem necessidade de internação em uma unidade semi-intensiva ou UTI. O ex-jogador está com pleno controle das funções vitais e condição clínica estável", dizia a nota. Na sequência, teve diagnosticada uma infecção respiratória. Também foi constatada, de acordo com os médicos que o acompanham, uma progressão da doença oncológica. Além do câncer, Pelé também passou a tratar disfunções renal e cardíaca. Assim, ele passou a receber cuidados paliativos. Esse tipo de medida visa oferecer conforto, qualidade de vida e aliviar o sofrimento de um paciente com uma doença incurável. O último boletim médico, divulgado em 21 de dezembro, informou que "Edson Arantes do Nascimento apresenta progressão da doença oncológica e requer maiores cuidados relacionados às disfunções renal e cardíaca. O paciente segue internado em quarto comum, sob os cuidados necessários da equipe médica". A partir daquele momento até a sua morte, as informações sobre a situação de Pelé foram minguadas. As publicações nas redes sociais foram evasivas e não davam detalhes sobre o quadro. As postagens passaram a contar apenas com imagem dos familiares que lhe faziam companhia. Durante a Copa do Mundo, fotos de Pelé assistindo aos jogos foram publicadas, mas depois as imagens apresentavam apenas detalhes do ex-camisa 10 da Seleção Brasileira, como uma foto postada pelo ex-goleiro Edinho segurando a mão de seu pai. Nos últimos dias de vida, Pelé esteve acompanhado de familiares. Marcia Aoki, esposa do ex-jogador, filhos e netos se revezavam no hospital.