Às vésperas do pagamento da primeira parcela do 13º salário, parte dos trabalhadores já começa a planejar o que fazer com esse incremento na renda. Caindo na conta da maioria dos assalariados até o dia 30 de novembro, essa verba extra deve ser usada com cautela, segundo especialistas. Em tempos de endividamento e inadimplência no topo, o uso consciente desse complemento ganha ainda mais importância.
Wendy Haddad Carraro, professora do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora de programa de extensão em educação financeira na universidade, afirma que o 13º salário pode ser uma excelente solução para pessoas com contas em atraso ou que pretendem se livrar de dívidas com juros elevados:
— O primeiro passo é organizar suas dívidas, listando-as por valor e custo financeiro. Priorize aquelas com os juros mais caros. Concentre-se em quitar as dívidas com juros mais elevados. Dívidas em atraso também costumam ser as mais caras, então elas devem ser a prioridade.
Maristela Mercedes Bauer, professora da Feevale e coordenadora do projeto Sustentabilidade Econômica e Financeira, afirma que, em uma situação mais estável, é possível fracionar o uso do benefício:
— O ideal seria dividir esse 13º em três partes. Usar uns 30% para pagar suas dívidas, outros 30% para tentar fazer um investimento ou pelo menos uma reserva para situações de emergência. E também pensar em um percentual para o lazer, porque agora chega o período de férias, festas de final de ano.
Dicas para trabalhadores com maior endividamento e em inadimplência
- Organize e separe suas contas de acordo com o peso dos juros, prazo e valor do débito. Priorize o pagamento das dívidas com juros mais altos e as atrasadas para quitar parte ou a totalidade com o 13º salário.
- Caso não seja possível quitar as dívidas com essa renda extra, use o benefício para renegociá-las com juros mais baixos, controlando melhor o endividamento.
- Em uma situação onde você conseguiu organizar as contas, tente separar o 13º em três objetivos: pagar parte das dívidas, aplicar em algum investimento ou poupar e usar parcela desse dinheiro para os tradicionais gastos de lazer de fim de ano.
- Evite fazer novas dívidas com esse salário extra antes de liquidar as contas existentes. Antes de comprar algo por impulso, questione se determinado item é necessário naquele momento e se realmente vale a pena.
- Anote os pagamentos que realizou com o 13º. Isso ajuda na organização e na previsão do orçamento.
- Use esse sistema de organização, com foco no controle e no planejamento financeiro, o ano todo.
Dicas para quem está com o orçamento sob controle
- Se você tem uma dívida, mesmo que em dia e sob controle, analise se quitar é uma boa alternativa. Em alguns casos, credores oferecem descontos para adiantamento do fim das parcelas. Além disso, você se livra do pagamento de juros.
- Se você está com o planejamento financeiro em dia, tente usar o 13º salário para as tradicionais dívidas de virada de ano, como IPTU, IPVA, e despesas com educação, como rematrícula e material escolar. Esse tipo de conta costuma oferecer desconto para pagamento à vista.
- Fique de olho em promoções de final de ano, como a Black Friday, para adquirir itens como eletrodomésticos, eletrônicos e materiais para realizar reformas em casa.
- Invista o dinheiro em alguma aplicação financeira, mas procure ajuda especializada antes. É importante entender seu perfil de investimento e expectativas para definir qual o melhor tipo de investimento, se é menos ou mais arriscado.
- Com as finanças em dia, avalie usar esse valor extra para gastos de fim de ano com lazer, como presentes em amigos secretos, encontros com familiares. Isso pode dar uma folga para os custos observados nessa época do ano.
Fontes: Wendy Haddad Carraro, professora do Curso de Ciências Contábeis da UFRGS e coordenadora de programa de extensão em educação financeira na universidade, e Maristela Mercedes Bauer, professora da Feevale e coordenadora do projeto Sustentabilidade Econômica e Financeira