Não é porque o café faz parte do nosso cotidiano que nós necessariamente o conhecemos bem. Pedir um espresso após o almoço e escolher entre o pacote “tradicional” ou “extra forte” na prateleira do supermercado não é sinônimo de que dominamos o preparo, e nem mesmo o sabor, desse grão secular, que tem seu próprio Dia Internacional na próxima terça- feira. Muito pelo contrário.
Pelo menos é essa a premissa da Lighthouse Cafés Especiais, uma espécie de boutique dedicada ao universo cafeeiro de altíssima qualidade inaugurada há pouco mais de um ano em Florianópolis. Ali, da porta para dentro, a menos que o visitante saiba a diferença entre um arábica e um robusta – e qual tipo de preparo libera mais cafeína na mistura – é melhor esquecer tudo o que já ouviu ou experimentou sobre café e abrir- se para um outro universo.
– É uma espécie de caminho sem volta. Depois que a pessoa envereda pelos cafés especiais, não vai mais querer tomar o nosso café comum – afirma José Cândido de Borba Neto, idealizador e proprietário da loja.
Em 2009, ele bebeu em Florianópolis sua primeira xícara de café: o encanto foi instantâneo. Paralelamente ao Direito, ele havia montado um negócio voltado para o comércio de bebidas especiais – primeiro foram os vinhos e depois as cervejas –; essa experiência pregressa com análise sensorial e produtos de alto valor agregado logo lhe despertaram o olhar para um novo segmento.
Embora soe paradoxal, a mais brasileira das bebidas – que acompanha a história do país desde o começo do século 18, com a chegada das primeiras mudas, e que já foi o principal motor econômico nacional durante o Ciclo do Café – é também uma das menos exploradas: não no sentido da quantidade, já que as plantações em larga escala continuam populares, mas do seu potencial de complexidade e qualidade como produto final.
– A indústria nem sempre é transparente com o consumidor final. Existem uma série de subterfúgios para maquiar a qualidade do café, desse que é vendido nos supermercados, inclusive com a utilização de outros insumos. O café já vem torrado e bem escuro. Não dá pra saber o que tem realmente ali. E mesmo o consumidor habitual, pelo menos a maioria, não sabe a diferença entre as espécies de café e a qualidade de cada um – destaca o empresário e barista.
Em 2013, José realizou uma série de provas nos Estados Unidos, pela Specialty Coffee Association of America, e recebeu o certificado de Q Grader, o que lhe permite realizar análises técnicas e sensoriais de amostras de café e emitir certificados de qualidade sobre os produtos. Para ser um café especial, o produto precisa obter uma nota mínima de 80 pontos por parte de um desses avaliadores.
BEBA GELADO
Na LightHouse, além de uma gama de pelo menos 10 blends de café provenientes de várias regiões do Brasil e de fora, todos torrados na hora para o consumidor final, José Cândido e sua equipe trabalham com a importação e revenda de equipamentos de ponta para cafeterias, ministram cursos de barista caseiro para os interessados em aprender mais e ainda oferecem a bebida para degustação no local.
Entre os produtos da casa, uma das estrelas é o Cold Brew Coffee, um tipo de café passado a frio para ser bebido gelado – a bebida nada tem a ver com os iced coffees que costumam aparecer nos menus das cafeterias, misturados a chocolate, cremes, chantillys e outros elementos doces. O cold brew é um estilo de café produzido em diversas partes do mundo; no Brasil, a Lighthouse foi a pioneira.
– Acredito que o Cold brew será uma das principais formas de beber café no futuro. É um produto termogênico, versátil e prático, pois já vem pronto para ser bebido.
Lighthouse Cafés Especiais
Rua São Jorge, 160 - Centro
Florianópolis/SC
Fone: (48) 3333-0100
* Conteúdo produzido por Fernanda Volkerling