
A Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul começa a sair de um período crítico, após ter enfrentado risco de fechamento no início do ano. Desde agosto, o hospital está retomando integralmente seus atendimentos e serviços hospitalares.
Nesta sexta-feira (7), será assinado o contrato do programa federal Agora Tem Mais Especialista Tipo 2, em parceria com o Grupo Hospitalar Conceição e o Ministério da Saúde.
A instituição será a primeira do país a firmar o acordo, que prevê a ampliação de consultas, exames e cirurgias especializadas. A estimativa inicial é de cerca de 250 novos procedimentos mensais, incluindo vasectomias e atendimentos em outras especialidades ainda em definição.
— O programa representa um grande mutirão de exames para possamos zerar a fila e os problemas com especialidades — afirma o prefeito do município, Zelmute Marten.
Em julho, a prefeitura de São Lourenço do Sul, atual responsável pela instituição desde então, decretou calamidade pública em razão de atrasos salariais, demissão coletiva de médicos e risco de fechamento.
A medida emergencial, com validade de 12 meses, segue em vigor, mas o hospital já opera em pleno funcionamento, mesmo com um déficit mensal estimado em R$ 450 mil.
Conforme a prefeitura, o processo de recuperação envolveu diálogo com funcionários, médicos e órgãos estaduais e federais.
No início de agosto, voltaram as cirurgias de emergência, e em setembro, as cirurgias eletivas, com foco em colecistectomia e herniorrafia. Desde então, 62 cirurgias eletivas já foram realizadas.
— Hoje a Santa Casa está em pleno funcionamento. Fizemos mais de 10 mil atendimentos de urgência e emergência entre agosto e outubro, além de mais de 200 procedimentos médicos, oito mil procedimentos de enfermaria, dois mil exames de raio-x e 2,5 mil exames laboratoriais — comenta Zelmute.
Reunião com o Simers discutirá pagamento de dívidas
Também nesta sexta-feira (7), uma reunião com o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) irá tratar do cronograma de pagamento dos passivos da gestão anterior, estimados em R$ 4 milhões. Atualmente, a instituição conta com 269 funcionários e 40 médicos, todos com pagamentos em dia.
Segundo a administração, a recuperação financeira tem sido possível graças à cooperação entre os governos municipal, estadual e federal, além de emendas parlamentares que somam R$ 1,6 milhão desde julho.
O decreto de calamidade pública, com vigência de 12 meses, deve permitir a continuidade da intervenção até julho de 2025. A expectativa é que, nesse período, seja concluída uma transição administrativa que devolva a gestão à Santa Casa, com um novo modelo de governança.
A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) colabora na elaboração do projeto, que pretende integrar os serviços da Santa Casa com o Hospital São João da Reserva e com as unidades básicas de saúde do município.

