
O Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (Ciex) foi inaugurado nesta terça-feira (4) no Cidec-Sul, do campus Carreiros da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), em Rio Grande.
A nova unidade tem como foco o monitoramento do nível da Lagoa dos Patos e o acompanhamento em tempo real das condições meteorológicas e dos impactos das mudanças climáticas na região.
Para a implementação, o Ciex recebeu financiamento de R$ 1,5 milhão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) para sua estrutura inicial.
De acordo com Elisa Fernandes, coordenadora do centro, com o recurso foi possível montar a sala de observação e o sistema de simulação numérica das condições ambientais da Lagoa dos Patos e de toda a área de influência do ecossistema.
Antes da criação do Ciex, o monitoramento era realizado pelo Comitê de Eventos Extremos da Universidade, que atuou durante a enchente de maio de 2024 fornecendo dados sobre as inundações para o poder público e a sociedade civil.
— Essas mesmas ferramentas eram utilizadas de uma forma mais artesanal, digamos assim. Eu rodava uma parte dos modelos no meu laboratório, outro professor rodava em outro laboratório. Agora não: agora nós temos um centro onde esses modelos funcionam de forma integrada, em tempo real, e conseguimos fazer uma análise conjunta de resultados muito mais efetiva — afirma a coordenadora.
Atualmente, cerca de 20 pesquisadores e 20 estudantes da universidade atuam no centro, que se consolida como um espaço estratégico para o estudo de eventos extremos no sul do país.
Tecnologias e rede de observação
Entre as tecnologias empregadas no centro, destaca-se a plataforma Digital Twin Lagoa dos Patos, uma réplica virtual do ambiente natural da lagoa e das cidades vizinhas.
O sistema integra dados meteorológicos, oceanográficos e geodésicos com modelos numéricos e métodos de inteligência artificial.
O objetivo é permitir que o monitoramento ocorra em tempo real, fornecendo informações precisas para a tomada de decisões em situações de risco.
Além disso, o Ciex também utiliza dados de redes nacionais de observação, como os da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), integrando essas informações em seus sistemas de simulação.

Colaboração entre universidades
Segundo a coordenadora Elisa Fernandes, o Ciex é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A colaboração envolve troca de dados, modelos e metodologias entre as instituições, consolidando uma rede de pesquisa científica aberta.
Além das universidades, o Ciex conta com a cooperação da Agência para o Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM) e da empresa Pixforce, especializada em inteligência artificial e visão computacional.




