
Escolher o sabonete facial ideal parece uma tarefa simples, mas é uma das etapas mais importantes na rotina de cuidados com a pele. O produto certo não apenas remove impurezas e resíduos, mas também ajuda a manter o equilíbrio da barreira cutânea, responsável por proteger o rosto contra agentes externos, inflamações e perda de hidratação.
Quando essa proteção é comprometida, o resultado pode ser o oposto do esperado: ressecamento, irritação, aumento da oleosidade e surgimento de acne.
O dermatologista Alessandro Alarcão, que presidirá o Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica 2026, explica que a escolha do sabonete facial certo é o primeiro passo da rotina de skincare, ou seja, determinante para o equilíbrio da pele.
— Um produto inadequado altera o pH da pele, remove lipídios essenciais e compromete a microbiota cutânea, favorecendo inflamações, oleosidade reativa, acne e até dermatites. Quem escolhe bem o sabonete já resolve metade dos problemas de pele — ressalta.
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Como escolher o melhor sabonete facial

Antes de escolher qualquer produto, é fundamental entender qual é o seu tipo de pele. Ela pode ser oleosa, seca, mista ou sensível, e cada uma exige cuidados específicos.
Sinais clínicos como brilho excessivo e poros dilatados costumam indicar pele oleosa, enquanto descamação e sensação de repuxamento sugerem pele seca.
Mas, segundo o dermatologista, confiar apenas na autopercepção pode levar a erros.
— Oito em cada 10 pessoas diagnosticam errado o próprio tipo de pele. O exame dermatológico é rápido e evita o autoboicote cosmético — afirma Alarcão.
Ativos que fazem diferença
A formulação é o coração do sabonete facial. É ela que determina se o produto vai apenas limpar ou de fato tratar a pele.
Para peles oleosas, os ativos mais indicados são ácido salicílico, zinco, LHA (lipo-hidroxiácido) e niacinamida, que controlam a produção de sebo, desobstruem os poros e ajudam a prevenir a acne.
Já as peles secas se beneficiam de fórmulas com ceramidas, ácido hialurônico e glicerina, ingredientes que restauram a hidratação e fortalecem a barreira de proteção.

Peles sensíveis pedem fórmulas mais suaves, com bisabolol e pantenol, substâncias calmantes que reduzem vermelhidão e desconforto, além de serem livres de sulfatos agressivos.
— O segredo é tratar sem agredir. A dermatologia moderna saiu da lógica do esfrega e mata a oleosidade — resume o especialista.
De olho no rótulo
Ler o rótulo com atenção é uma etapa essencial. O dermatologista recomenda evitar ingredientes como lauril sulfato de sódio em altas concentrações, perfumes muito fortes e álcool em excesso, que podem irritar a pele.
Outro ponto importante é o pH, que deve estar entre 5,0 e 5,5, o mais próximo possível do pH fisiológico da pele.
— Sabonete que não informa pH geralmente não é bom sinal. Ingrediente não é poesia: tem que ser ciência aplicada — reforça Alarcão.
Líquido, barra, gel ou espuma?

O formato também influencia o resultado. As barras costumam ser mais alcalinas e limpam profundamente, mas podem ressecar peles sensíveis, enquanto os géis são ideais para quem sofre com oleosidade excessiva.
Os líquidos oferecem uma limpeza mais suave e são bons para peles normais e secas.
Já as espumas têm textura leve e são indicadas para peles delicadas ou em uso de ácidos, pois limpam sem agredir.
Apesar das diferenças, o dermatologista faz uma ressalva importante:
Formato importa menos que formulação.
ALESSANDRO ALARCÃO
Dermatologista
Frequência ideal e mudanças conforme o clima
Limpar demais o rosto pode ser tão prejudicial quanto não limpar. A remoção excessiva de lipídios naturais faz com que a pele produza ainda mais sebo para compensar a perda, gerando o chamado efeito rebote.
O ideal é lavar o rosto duas vezes ao dia, de manhã e à noite. Além disso, a rotina deve mudar conforme a estação: no inverno, peles tendem a precisar de produtos mais hidratantes; no verão, sabonetes com efeito seborregulador são mais adequados.

Erros mais comuns
Um dos enganos mais frequentes é escolher o sabonete apenas pelo marketing ou por indicação genérica. Outro erro recorrente, segundo Alarcão, é o uso de sabonetes corporais ou "neutros" no rosto, o que pode comprometer a barreira protetora da pele.
— Neutro para quem? Para o laboratório, não para sua pele — alerta.
Aquela sensação de "repuxar" após a lavagem, muitas vezes confundida com uma limpeza profunda, é na verdade um sinal de agressão à pele.
Quando o sabonete retira demais os óleos naturais, a barreira cutânea perde sua função de proteção, e o corpo responde com produção excessiva de sebo, um efeito rebote que tende a agravar quadros de oleosidade e acne.
Preço não define qualidade
Segundo Alarcão, é um mito acreditar que apenas os produtos caros são bons. O especialista detalha que existem fórmulas excelentes e acessíveis e produtos caros com resultado mediano. Para ele, o que determina qualidade é a tecnologia de tensoativos e o respeito à barreira cutânea
No fim das contas, escolher o sabonete facial certo exige atenção e consciência. Observar o tipo de pele, ler o rótulo, valorizar fórmulas equilibradas e respeitar a frequência adequada de uso são passos simples que garantem resultados reais: uma pele limpa, macia, sem repuxar e com aspecto saudável.
— Limpeza é estratégia, não ritual automático — resume Alarcão.
Perguntas frequentes (FAQ) sobre sabonetes faciais
Posso usar o mesmo sabonete do corpo no rosto?
Não é recomendado, pois sabonetes corporais têm pH e componentes diferentes que podem agredir a pele facial e remover a oleosidade natural, comprometendo a barreira cutânea.
O que significa pH balanceado?
Refere-se a produtos cujo pH está entre 5,0 e 5,5, próximo do natural da pele. Essa característica ajuda a manter a barreira cutânea íntegra, evitando irritações e ressecamento.
Quantas vezes por dia devo lavar o rosto?
O ideal é lavar duas vezes por dia, de manhã e à noite. Limpar mais que isso pode causar ressecamento e estimular a produção de sebo, gerando efeito rebote e aumento da oleosidade.
Sabonete em barra ou líquido: qual é melhor?
Depende do tipo de pele e da formulação. As barras tendem a ser mais alcalinas e podem ressecar peles sensíveis, enquanto líquidos e géis costumam ter composição mais equilibrada. O formato é menos importante que os ativos presentes na fórmula.
Posso usar o mesmo sabonete durante o ano inteiro?
O ideal é ajustar a rotina conforme as estações. No inverno, produtos mais hidratantes ajudam a proteger a pele; no verão, sabonetes leves e seborreguladores são mais adequados.
Produtos caros são sempre melhores?
Não necessariamente. Existem fórmulas acessíveis que oferecem excelente tecnologia e eficácia, enquanto produtos caros nem sempre apresentam resultados superiores. O fator determinante é a qualidade dos tensoativos e o respeito à barreira cutânea.
É normal sentir o rosto "repuxar" após a lavagem?
Não. Essa sensação indica que o sabonete retirou lipídios essenciais e desequilibrou a barreira cutânea. A limpeza ideal deixa a pele fresca, limpa e confortável, sem repuxar ou ressecar.
Qual sabonete é indicado para peles com acne?
Produtos com ácido salicílico, zinco, LHA e niacinamida ajudam a controlar a oleosidade, desobstruir os poros e prevenir o surgimento de novas lesões.
Crianças e adolescentes podem usar o mesmo sabonete dos adultos?
Não é recomendado. Adolescentes com acne devem usar fórmulas específicas para o tipo de pele, enquanto crianças precisam de sabonetes suaves, sem ácidos e fragrâncias fortes, para proteger a pele delicada.
Quando procurar um dermatologista?
O acompanhamento profissional é indicado em caso de irritações persistentes, descamação, acne resistente ou oleosidade excessiva. O dermatologista identifica o tipo de pele corretamente e orienta a escolha de produtos adequados.















