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O que era a espuma encontrada na Lagoa da Conceição, em Florianópolis

Espuma espessa se formou em um dos principais cartões-postais da cidade e deixou os moradores preocupado com contaminação química 

Zero Hora

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Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina/Divulgação
Espuma espessa chamou atenção de moradores e especialistas.

Recentemente, uma espuma espessa se formou em um dos principais cartões-postais de Florianópolis, a Lagoa da Conceição. Localizada em um dos bairros mais tradicionais da ilha, a lagoa apresentou uma massa com coloração entre branco amarelado e marrom claro, com um cheiro forte, e levantou suspeitas de contaminação química.

O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) informou que recebeu, na noite de segunda-feira (13), imagens que indicavam a presença de uma mancha de óleo nas margens da lagoa. Uma equipe do laboratório ambiental do instituto foi ao local para coletar amostras de água e verificar a origem do material.

A prefeitura da capital e a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) já haviam levantado a hipótese de proliferação de microalgas como causa da espuma. Mas a real origem só foi descoberta com o resultado da análise do IMA divulgada nesta quarta-feira (15).

Entenda

Moradores começaram a notar a mancha no sábado (11), e no início da semana circularam vídeos mostrando a coloração escura da água entre o trapiche e a antiga ponte do bairro. Também foram registrados animais mortos na região.

A espuma era espessa, com cerca de 2 centímetros de espessura, não se dispersando mesmo sob agitação mecânica. A coloração branco-amarelada a marrom-clara e odor característico de material algal em decomposição, de acordo com o IMA.

A análise, realizada em parceria com o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que monitora a qualidade da água na região, revela que a espuma é causada por um fenômeno natural: a floração de microalgas. Estes eventos correspondem ao crescimento acelerado desses microrganismos, capazes de alterar a coloração e as características químicas da água.

Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina/Divulgação
Imagem do IMA mostra espessura da espura em amostra.

Por que isso acontece?

O IMA explicou que em condições de alta temperatura, intensa luminosidade e presença de nutrientes na água, o crescimento desses microrganismos acontece de maneira acelerada. A floração em si não gera a espuma, mas sim a morte e decomposição dessa abundância de algas, que liberam substâncias orgânicas na água, como proteínas, lipídios e polissacarídeos. 

Esses compostos atuam como tensoativos naturais, ou seja, reduzem a tensão superficial da água e fazem com que ela fique "mais fácil de formar bolhas" — o que cria a espuma visível na superfície.  

Além disso, o órgão explica que o fenômeno foi potencializado, pois ocorreu em um trecho de água com pouca profundidade, onde a água circula pouco. Essas condições tornam o local ideal para que restos de algas e outros materiais orgânicos flutuantes se acumulem, já que a água não se renova rapidamente nem se mistura com outras correntes.

Pode ser perigoso?

De acordo com o IMA, em alguns casos, a decomposição intensa pode reduzir os níveis de oxigênio dissolvido, levando à mortandade de peixes ou outros organismos aquáticos. Entretanto, o órgão afirma que esta consequência não foi observado neste evento.

A salinidade da água foi de aproximadamente 20 PSU, valor condizente com ambientes estuarinos, regiões de transição entre rios e o mar, onde a água doce se mistura com a água salgada. O IMA afirma que os microrganismos ou substâncias podem ser irritantes para o corpo humano, por isso, recomenda que os moradores evitem o contato.

— Esse tipo de ocorrência requer atenção, mas é importante destacar que nem toda floração está associada à presença de toxinas. O monitoramento contínuo permite identificar eventuais riscos e orientar ações preventivas — afirmou Carlos Eduardo Tibiriçá, Oceanógrafo do IMA.

O órgão também emitiu algumas orientações para as autoridades e para a população:

  • Monitorar a evolução do fenômeno, registrando variações ambientais e temporais.
  • Informar a população de que a espuma tem origem biológica, e não está relacionada à poluição por óleo ou detergentes.
  • Manter vigilância em locais onde eventos semelhantes sejam recorrentes, para identificar possíveis tendências de aumento.
  • Evitar o contato direto com a espuma ou com águas de coloração alterada (avermelhada, escura ou verde intensa), que podem conter microrganismos ou substâncias irritantes.

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