
Um homem usou as redes sociais para denunciar o constrangimento que afirma ter sofrido em uma academia de Anápolis (GO). Marcus Andrade, de 42 anos, administrador e produtor, contou que foi repreendido por um funcionário do local por usar uma bermuda considerada "inadequada" durante o treino. O aluno publicou um vídeo relatando o episódio, que rapidamente viralizou.
— Me senti extremamente desconfortável. A sensação era de que eu não tinha o direito de estar ali — desabafou Marcus em entrevista ao g1.
Segundo o relato, o episódio aconteceu na segunda-feira (30), após ele concluir o treino de costas. Enquanto aguardava a carona do marido, sentado em um espaço comum da academia, foi chamado por um funcionário até uma sala envidraçada. Lá, ouviu que outro aluno e a esposa dele teriam se incomodado com o tamanho da sua bermuda.
— Disseram que minha roupa não estava de acordo com o código de vestimenta da academia, que o ambiente era familiar e prezavam pelos bons costumes — contou.
Marcus nega ter feito movimentos que pudessem ser considerados provocativos. Ele afirma que naquele dia realizou apenas exercícios para as costas e dois abdominais: um na cadeira e outro em prancha. Mesmo assim, o funcionário teria solicitado que ele evitasse repetir aquele tipo de vestuário.
O que diz a academia
A academia, que se apresenta nas redes como uma "academia de boutique", divulgou um comunicado afirmando que busca manter um ambiente "acolhedor, respeitoso e seguro para todos". A nota pontua que a roupa usada por Marcus seria mais adequada para corridas ao ar livre, e não para determinados exercícios de musculação.
Segundo a empresa, teria sido "gentilmente sugerido" o uso de uma bermuda de compressão por baixo para garantir conforto e segurança. No entanto, Marcus contesta essa versão:
— Em nenhum momento me pediram para usar bermuda de compressão. Estão criando uma narrativa para dar a entender que eu estava sem roupa íntima ou usando algo indecente — rebateu.
A empresa afirmou que a conduta do aluno contrariava diretrizes previstas em contrato. Marcus, por sua vez, disse que nunca foi informado sobre regras de vestimenta nem assinou qualquer contrato. Ele começou a frequentar o espaço por recomendação de um amigo.
Com a repercussão, Marcus decidiu cancelar o plano, que custava R$ 1,5 mil por mês. Ele também retirou a mãe da academia. O valor pago antecipadamente – cerca de R$ 15 mil – foi devolvido, e a academia pediu desculpas.
Atualmente, Marcus está na Espanha e pretende formalizar uma denúncia contra a academia assim que retornar ao Brasil:
— Não aceito que tentem impor o que as pessoas devem ou não vestir com base em uma ideia subjetiva de decência — criticou.
Repercussão
O caso gerou debate nas redes sociais e expôs opiniões divididas. Muitos internautas prestaram apoio a Marcus, apontando traços de preconceito e homofobia na abordagem da academia. "Preconceito e homofobia disfarçada! Um absurdo. Mas esperar o que de um estado atrasado e provinciano?", criticou uma usuária.
Outros questionaram o suposto padrão adotado para homens e mulheres: "Engraçado as mulheres com roupas segunda pele... Detalhando o corpo é adequado? Por favor, né... hipocrisia".
"Sou contra bermuda curta, mas será que nessa academia as mulheres não estão também com tudo curto? Porque em academia é o que mais dá", ressaltou outro comentário.
Houve também quem cobrasse equilíbrio: "Cada um tem o direito de usar a roupa que bem quiser, porém cabe o bom senso, né?".