
A jovem que sobreviveu após ficar soterrada por uma carga de serragem em Porto Alegre falou pela primeira vez nesta sexta-feira (10), três dias após o acidente. Eduarda Corrêa, 23 anos, diz que está com dores no corpo e na cabeça, mas que se sente bem e deve sair da UTI ainda nesta sexta.
Ainda não entendi muito bem o que aconteceu. Vou demorar um tempo para processar, mas estou viva. Não sei como eu estou viva, sobrevivi, mas estou aqui, e o mais importante é que tenho todas essas pessoas da minha família e amigos do meu lado, torcendo por mim.
EDUARDA CORRÊA
Estudante de biomedicina
Eduarda ficou presa por cerca de 2 horas em uma curva na alça de acesso da BR-448, quando uma carreta tombou sobre o veículo. Durante o resgate, Eduarda se manteve lúcida e conseguiu acionar os pais e o noivo, Gabriel Zanettin, por telefone. O noivo, que trabalha na Arena do Grêmio, foi contatado por Eduarda por telefone e foi ao local a pé para tentar socorrê-la.
— A primeira coisa que eu queria falar, na verdade, é agradecer. Queria muito fazer isso nominalmente, mas infelizmente não me lembro de todos os nomes, mas um dos motivos que me fizeram sobreviver, com certeza, foi a equipe de bombeiros, da polícia, da equipe médica, todos que me ajudaram. A partir do momento em que eles encostaram em mim, nenhum soltou minha mão. Eles se revezavam para ficar segurando a minha mão, para me deixar segura, o mais calma possível. Muito do motivo por eu estar viva é por conta dessa equipe — diz a jovem, por mensagens de voz.
O resgate
O trabalho de resgate envolveu equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Brigada Militar e Corpo de Bombeiros. De acordo com o capitão Daniel Suchy, um bombeiro militar de folga, parente de Eduarda, também atuou no resgate. A mãe da jovem foi até o local acompanhar o socorro.
O condutor da carreta teve ferimentos leves e foi encaminhado ao Hospital de Pronto Socorro de Canoas.
Eduarda afirma que segue com dores, precisa passar por exames e ainda está sendo medicada, mas que já caminha normalmente pelo hospital e conversa com familiares e amigos. Os exames de sangue, por exemplo, tiveram nesta sexta o melhor resultado desde o acidente.
— Eu nem acredito no quão bem eu estou. Muitas dores no corpo e na cabeça, que ficou muito tempo pressionada. Mas estou caminhando, não tive nenhuma fratura, não tive nenhum problema mais sério, estou sendo muito bem cuidada. Agradeço muito todas as pessoas que mandaram energias positivas e que dedicaram um pedacinho do tempo delas para pensarem em mim, porque com certeza isso fez bastante diferença — acrescenta.
O carro

Prensado por um caminhão, soterrado por serragem. Assim ficou o carro conduzido por Eduarda após o acidente na alça de acesso da freeway à BR-448, em Porto Alegre, na terça-feira (7).
Em entrevista ao Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, o capitão Daniel Suchy relatou como foi o resgate de Eduarda.
— Foi uma ocorrência muito delicada, uma ocorrência de muito risco, porque o veículo pequeno, o carro leve, a gente não conseguia sequer visualizar ele quando a primeira guarnição chegou até a ocorrência — disse.
Por quase duas horas, a motorista ficou confinada dentro do veículo, que não encheu de serragem, e conseguiu respirar.
— Apesar de o carro ter ficado completamente esmagado, não tinha muita serragem dentro do veículo. Se tivesse muita serragem, talvez isso, inclusive, impossibilitasse ela de respirar. Então, graças a Deus, não tinha muita serragem — informou Sachy.
A estrutura do carro e o tipo de material que cobriu o veículo, segundo especialistas, foram determinantes para que a jovem sobrevivesse. Os vidros fechados criaram uma bolha de ar, o que permitiu que a motorista continuasse respirando
Uma estrutura chamada "cápsula de sobrevivência" — formada por colunas e portas com proteção reforçada — absorveu o impacto e evitou a compressão total do veículo.




