Na noite de 22 de julho deste ano, um grupo estava em frente a uma distribuidora de bebidas, na zona norte de Porto Alegre, quando foi surpreendido por criminosos, que abriram fogo, atirando com pistolas de calibre 9 milímetros. Três pessoas morreram e outras quatro foram alvejadas pelos bandidos.
O crime aconteceu por volta das 23h10min na Rua Adelino Ferreira Jardim, próximo à esquina com a Avenida Martim Félix Berta. Os feridos foram uma adolescente de 14 anos, um homem e uma mulher.
— Tem um ponto de venda logo ao lado, e, acreditando que quem ali estava seria relacionado à facção rival, efetuaram esse ataque, onde, infelizmente, vitimaram três pessoas fatalmente e mais quatro alvejadas — afirma o delegado Daniel Queiroz, da 5ª Delegacia de Homicídios.
Este ataque é um dos atribuídos a um grupo criminoso de Porto Alegre, alvo de operação da Polícia Civil. A ofensiva do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) resultou na prisão de um suspeito de ser uma das lideranças da organização durante a Operação Finis Belli - Fase II.
Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência do investigado, de 27 anos, policiais da 5ª Delegacia de Polícia de Homicídios encontraram uma pistola de calibre restrito, adulterada com seletor de rajada – mecanismo que permite diversos disparos com um único acionamento do gatilho.
Esse tipo de dispositivo, que aumenta a capacidade de letalidade do armamento, costuma ser usado por grupos criminosos envolvidos em homicídios. O investigado foi preso em flagrante e teve prisão preventiva decretada.
— Há uma suspeita de que ele coordenava os ataques e exercia essa função de liderança dentro da facção — diz o delegado.
Segundo a investigação, os confrontos envolvendo este mesmo grupo criminoso resultaram em, pelo menos, seis homicídios consumados e quatro tentativas.

Execução de militar
Outro caso atribuído ao mesmo grupo aconteceu no bairro Rubem Berta, também na zona norte de Porto Alegre. O militar da Marinha Robson Eduardo dos Santos, 21 anos, foi executado a tiros. Ele não tinha antecedentes criminais.
O crime aconteceu na Rua São Francisco, na noite de 20 de agosto deste ano. A suspeita da polícia é de que Santos tenha sido executado pelos bandidos por engano.
— Esse militar não tinha qualquer envolvimento com facção criminosa, com crime organizado. Na parte da tarde, ele entrou em casa, e depois, já à noite, um parente do militar entra nessa residência, e, pouco tempo depois, os autores ingressam no mesmo local. A gente acredita que, procurando por esse segundo indivíduo, pela semelhança dele e do militar, efetuaram os disparos. Se o interesse deles fosse alvejar o militar, eles poderiam ter ido antes. Mas, assim que chega esse indivíduo, eles efetuam o ataque — explica o delegado Queiroz.
Uma semana antes, outro homem havia sido executado no mesmo bairro. Vinicius Nunes da Silva, 22 anos, foi atingido por dezenas de disparos. Ele utilizava tornozeleira eletrônica.
A primeira fase da Operação Finis Belli teve como foco os executores diretos dos homicídios. Com o aprofundamento das investigações, segundo a polícia, foi possível identificar as lideranças que coordenaram as ações criminosas. Ao todo, a ofensiva já resultou em sete prisões, além da apreensão de armas de fogo e munições.
— A prisão de hoje é visa exatamente a responsabilização de todos envolvidos na prática desse crime tão grave — afirma o delegado Mario Souza, diretor do DHPP.



