
Uma mulher de 34 anos, suspeita de atuar falsamente como psicóloga em Porto Alegre e região foi indicada pela Polícia Civil por estelionato. Entre os pacientes da suposta profissional, que não teve nome divulgado pela polícia, estão crianças e adolescentes com neurodivergências, incluindo transtorno do espectro autista (TEA) e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Por ser contra vulneráveis, o indiciamento aponta para crime majorado.
A investigação foi concluída e remetida pela 3ª Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) em 2 de outubro, mas a informação foi divulgada nesta segunda-feira (13).
Conforme a delegada Alice Fernandes, o inquérito apontou que ao menos 29 crianças e adolescentes — com idades entre três e 15 anos — foram vítimas da falsa profissional.
Conforme a investigação, a mulher atendia ilegalmente há cerca de três anos, sem possuir formação acadêmica e sem contar com um cadastro no órgão regulamentador da classe.
A apuração descobriu que a suspeita usava o registro profissional da psicóloga Vilma Arnold, 39 anos, que atua em Ivoti, no Vale do Sinos, sem o conhecimento da verdadeira titular, para realizar os atendimentos.
A suspeita cobrava, em média, R$ 130 por sessão e elaboração de pareceres. Dessa forma, a Polícia Civil estima que a mulher teria causado um prejuízo financeiro de pelo menos R$ 48 mil às vitimas.
Ao ser interrogada, a suspeita optou por se manter em silêncio.

Duas investigações e indiciamentos
Esta mulher também foi investigada pela Delegacia de Polícia de Ivoti. O caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil do município, após a psicóloga de Ivoti relatar que o seu registro no Conselho Regional de Psicologia estava sendo usado de forma fraudulenta pela mulher. Depois do relato, a Delegacia de Ivoti passou a investigar o caso.
No mês seguinte, em junho, uma mãe procurou a 3ª Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPPCA), em Porto Alegre, para relatar que a filha, de sete anos, estava sendo atendida por uma psicóloga cujo registro profissional estava no nome de outra pessoa.
Essa mãe notou o fato após ter dificuldades em conseguir documentos referentes ao tratamento psicológico da filha e decidir realizar uma pesquisa. Essa denúncia deu início à segunda investigação.
Mulher é ré por exercício ilegal da profissão
A investigação na DP de Ivoti foi concluída em julho, com o indiciamento da suspeita por falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão.
Em agosto, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) ofereceu denúncia contra a mulher. No mesmo mês, a Justiça aceitou a denúncia e a suspeita passou a ser ré por exercício ilegal da profissão e falsidade ideológica. O processo criminal está em tramitação.


