
A mais mortífera operação policial da história brasileira, que resultou em 121 mortos na terça-feira (28), foi também letal para policiais envolvidos nela. Dois agentes da Polícia Civil e dois PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope) foram mortos durante a ação de ocupação de dezenas de favelas dos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, ocupadas pelo Comando Vermelho.
Pelo menos outros 13 policiais foram baleados.
Os mortos
Policiais civis
Marcus Vinícius Cardoso, o Máskara, 51 anos: era inspetor e foi promovido a comissário na véspera da operação contra o Comando Vermelho. Ele ingressou na corporação em 1999, na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), onde ganhou o apelido por lembrar o personagem do filme estrelado por Jim Carrey. Entre seus feitos mais notórios está o de investigar e ajudar a prender Elias Maluco, líder do CV que torturou e matou o jornalista Tim Lopes.
Marcus trabalhou também na 18ª DP (Praça da Bandeira) e chefiava, atualmente, o Setor de Investigações da 53ª DP (Mesquita).
Rodrigo Velloso Cabral, 34 anos: inspetor da 39ª DP (Pavuna), estava na Polícia Civil havia menos de dois meses. Ele era lotado numa das regiões mais violentas da Zona Norte, responsável por investigações nos complexos do Chapadão e da Pedreira. Deixa esposa e uma filha pequena. Nas redes sociais, a esposa de Rodrigo prestou homenagem ao marido:
"Hoje, a dor da sua ausência é imensurável e nos rasga a alma, mas preciso encontrar forças para te dizer adeus e honrar a memória de quem você foi: um herói em sua profissão e um gigante em nossa vida... Sua dedicação como policial civil era a prova do seu coração corajoso. Você partiu cumprindo sua missão de proteger a sociedade, e isso é um legado de bravura que jamais será esquecido. Você era um homem de princípios, de fibra e de uma coragem que inspirava a todos."
De acordo com a Polícia Civil, Máskara e Cabral foram atingidos logo após a entrada das equipes ao Complexo da Penha, quando traficantes do Comando Vermelho reagiram a tiros e montaram barricadas em chamas. Eles chegaram a ser levados para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiram.
Policiais militares
Cleiton Serafim Gonçalves, 42 anos: era terceiro sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e ingressou na corporação em 2008. Deixa esposa e uma filha.
Heber Carvalho da Fonseca, 39 anos: também terceiro sargento do Bope, ele deixa esposa, dois filhos e um enteado.
Os dois PMs foram baleados com intervalo de minutos, em confrontos na Vila Cruzeiro, também durante o avanço das tropas pela comunidade. Foram socorridos e encaminhados ao Hospital Getúlio Vargas, mas morreram por causa dos ferimentos.
Os feridos
Dos 13 servidores da Segurança Pública atingidos, nove são policiais militares. Eles foram encaminhados ao Hospital Central da PM (HCPM), no bairro do Estácio. De acordo com informações da corporação, dois permanecem em estado grave e outros seguem estáveis, mas em observação. Os nomes e patentes não foram divulgados.
Os outros quatro feridos são da Polícia Civil. O caso mais delicado é o do delegado Bernardo Leal Annes Dias, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Ele foi baleado na veia femoral, perdeu muito sangue e precisou passar por cirurgia de emergência no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca. Durante o procedimento, os médicos amputaram uma perna para salvar tentar sua vida.
A notícia causou forte comoção entre colegas. Nas redes sociais, policiais prestaram solidariedade ao delegado e destacaram sua dedicação no combate ao tráfico. Familiares organizam vigílias em frente aos hospitais, pedindo orações pela recuperação de todos os feridos.



