
Uma nova fase da Operação Sem Desconto, que apura fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), é realizada nesta quinta-feira (9) pela Polícia Federal (PF). São cumpridos 66 mandados de busca e apreensão, a maioria no Estado de São Paulo (45). As ações também ocorrem em Sergipe (12), Amazonas (1), Rio Grande do Norte (1), Santa Catarina (2), Pernambuco (2), Bahia (2) e no Distrito Federal (1).
De acordo com a Globo, o foco desta etapa são três empresas responsáveis pela estrutura da lavagem de dinheiro do esquema criminoso. São investigados os crimes de estelionato qualificado, peculato, corrupção ativa, uso de documento falso, lavagem de capitais e organização criminosa.
Entre os alvos de mandados está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), conforme a Folha de S.Paulo. O irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Ferreira da Silva — conhecido como Frei Chico — é vice-presidente da entidade, mas não é investigado.
Já o presidente do Sindapi, Milton Baptista de Souza Filho, é um dos alvos da ação. Ele tem depoimento marcado nesta quinta-feira na CPI do INSS. Souza foi convocado a pedido do senador Rogerio Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado.
Outro alvo da operação é a Amar Brasil, que recebeu cerca de R$ 300 milhões em descontos de pensionistas. A entidade ainda não se manifestou. O presidente da associação, Américo Monte, também foi convocado a prestar depoimento na CPI.
Em fases anteriores da operação, a polícia prendeu Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS", e o empresário Maurício Camisotti. Ambos são suspeitos de envolvimento em esquema que lesou aposentados e pensionistas. A mesma investigação também foi responsável pela apreensão de carros e itens de luxo de propriedade dos envolvidos nas fraudes.
Como funcionava o esquema
Segurados tinham mensalidade descontada por entidades que representam aposentados e pensionistas conveniados com o INSS em troca de benefícios, como auxílio funerário, odontológico e psicológico, além de colônias de férias, academia e consultoria jurídica. Isso ocorria de forma regular, desde que o beneficiário estivesse de acordo e a conveniada agisse conforme a lei. No entanto, alguns aposentados e pensionistas do INSS tinham descontos mensais indevidos.
O valor seria cobrado como se eles fossem membros regulares de associações de aposentados e estivessem cientes dessas retiradas de valores. No entanto, eles não haviam se associado e sequer autorizado esses descontos.
O esquema era amplo e envolvia corretores, associações de aposentados e o vazamento de informações pessoais de segurados. A prática fraudulenta foi detalhada em uma série de reportagens do Grupo de Investigação da RBS (GDI).
Durante a operação inicial, em abril, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi afastado e posteriormente demitido do cargo. Além dele, outros cinco servidores públicos — a maioria com vínculos diretos com o instituto — também foram afastados de suas funções.



