
O adolescente de 16 anos apreendido por matar o pai em Santana do Livramento tentou atropelar o padrasto no dia seguinte ao crime. A informação foi confirmada pelo delegado Adriano Linhares, da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) do município da Fronteira Oeste.
Segundo Linhares, o suspeito matou e enterrou o pai no dia 5 de setembro. Depois, viajou para Palmeira das Missões, no noroeste do Estado, onde mora a mãe dele.
O carro do pai, um Onix, teria sido utilizado na tentativa de atropelamento, ocorrida perto da casa onde a mãe do suspeito mora. Segundo a investigação, o adolescente e o padrasto mantinham um bom relacionamento.
— Por um desagrado, sem razão alguma, ele tentou atropelar o padrasto em via pública. O homem conseguiu escapar, sem ferimentos. O adolescente fez isso, embora o padrasto o tivesse auxiliado em muitas oportunidades. Não fica claro por que fez isso, é algo da cabeça dele, que não vamos conseguir entender de forma racional — comentou o delegado.
A tentativa de atropelamento foi relatada à polícia pelo padrasto, que, na época, não levou o caso às autoridades. Os agentes tentam descobrir se o adolescente cometeu outros episódios de violência contra pessoas próximas.
Para o delegado, a motivação do crime em Santana do Livramento segue sendo de origem financeira: o adolescente queria ficar com os bens e um estabelecimento comercial do pai.
— Ainda é prematuro dizer quando as investigações terminam. Estamos analisando se houve o envolvimento de apenas três pessoas (adolescente e dois amigos) ou mais gente participou. Vamos fazer outras diligências e ouvir mais pessoas para pontuar tudo o que ocorreu e os porquês dos fatos — pontua o delegado.
Entenda o caso
Segundo a polícia, o adolescente de 16 anos matou o pai, de 56, no dia 5 de setembro, com um tiro de espingarda na cabeça. Depois, o suspeito enterrou o corpo do homem em uma área rural de Santana do Livramento. Dois amigos, de 20 e 21 anos, teriam ajudado o jovem a esconder o corpo – ambos foram detidos pela ocultação.
Uma da filha da vítima registrou o desaparecimento do pai na Polícia Civil no dia 18 de setembro.
Uma denúncia anônima levou os policiais até o adolescente. Após ser apreendido em 29 de setembro, ele confessou o crime e disse que foi motivado por um desentendimento com o pai. Também argumentou que a vítima batia e havia estuprado a mãe dele.
No entanto, para a polícia, o motivo foi financeiro: o apreendido queria assumir um negócio administrado pelo pai, com que também trabalhava.
Conforme o delegado Adriano Linhares, o adolescente seguiu uma vida "normal, tranquila e de sucesso" após o crime. Ele assumiu o estabelecimento comercial do pai, realizou duas viagens (a Palmeira das Missões e Santa Maria) entre o dia do crime e a data em que foi apreendido e frequentou festas com os amigos – entre os quais estavam a dupla que ajudou na ocultação do cadáver. Também vendeu um dos carros da vítima.
Em depoimento, o apreendido contou que pagou uma tatuagem e deu pneus para que dois amigos lhe ajudassem a esconder o corpo.
O nome da vítima e do adolescente não foram divulgados em razão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).





