
A ex-secretária de Bem-Estar Animal de Canoas, Paula Lopes, será ouvida na tarde desta sexta-feira (5) na 3ª Delegacia de Polícia do município. Ela é o principal alvo da Operação Carrasco, deflagrada na quinta-feira (4) para investigar a prática de maus-tratos dentro da pasta.
Segundo a investigação, Paula é suspeita de ordenar eutanásias de cães e gatos em massa como forma de reduzir custos de tratamento, além de utilizar o cargo para promover sua ONG, Instituto Paula Lopes.
Outros três investigados prestaram depoimentos nesta manhã: o marido de Paula, a tia dela, que possui um sítio onde foi encontrada uma grande quantidade de medicamentos e uma veterinária da prefeitura que assinava os documentos que permitiam as eutanásias.
A Polícia Civil identificou 239 mortes em um período de oito meses, enquanto a investigada esteve à frente da secretaria. Durante as buscas na sede da pasta foram encontrados 14 corpos de animais dentro de um freezer. Paula foi exonerada do cargo em 13 de agosto. Na publicação, consta que a saída ocorreu a pedido dela.
Conselho Regional de Veterinária acompanha caso
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) está aguardando a polícia para identificar e, se julgar necessário, apurar as condutas da veterinária investigada.
Segundo Mateus Lange, coordenador técnico do CRMV-RS, os casos de eutanásia são autorizados desde que comprovado que não há cura para uma doença. Isso precisa estar detalhado no prontuário, necessariamente assinado por um médico veterinário. Por conta disso, é preciso avaliar cada caso.
— O número (de mortes) de fato chama atenção, mas antes de fazer um julgamento prévio, é preciso entender os motivos. Se existem registros, temos que avaliar esses registros, ver o que que aconteceu — explica. Os documentos estão sendo analisados pela polícia.
O Conselho recebe denúncias sobre abrigos públicos para animais. De abril a agosto foram feitos cinco registros em relação à secretaria em Canoas. No mesmo período do ano passado foi apenas uma denúncia contra a prefeitura. O teor das denúncias não foi divulgado, mas segundo ao órgão, se refere a “vários motivos”.
Contraponto
Paula Lopes voltou a se manifestar nas suas redes sociais reafirmando se tratar de uma posição política. Segundo ela, os problemas estruturais no abrigo estavam ainda mais precários antes de sua gestão. Seu advogado, Gilson Araújo, também publicou um vídeo nas redes negando as acusações.
— Há dois meses eu pedi à delegada acesso aos autos do inquérito e isso foi negado. Fatos em si tratam meramente de uma perseguição política porque a Paula estava desempenhando um bom trabalho, e isso incomodou muita gente — afirmou.
