
As duas pessoas presas na investigação sobre ameaças de morte ao influenciador Felipe Bressanim Pereira, o Felca, tinham conhecimento avançado de informática e conseguiam acessar dados sigilosos de bancos de dados da polícia e do Judiciário. A informação é da Polícia Civil de São Paulo, que investiga o caso, e foi divulgada pelo O Globo.
De acordo com os investigadores, com essas credenciais os suspeitos conseguiam obter informações sigilosas e até emitir mandados de busca e apreensão contra pessoas consideradas “inimigas”.
De acordo com o delegado Guilherme Caselli, os acessos eram obtidos de forma ilegal em grupos do Telegram, e os suspeitos vendiam as informações na internet por valores considerados altos. A Polícia Civil vai investigar quem comprava esses dados.
Um dos presos é Cayo Lucas, 21 anos, apontado como autor de parte das ameaças contra Felca. Ele também é investigado por participar de um grupo que comercializava material infantil, usando plataformas como o Discord para exploração de crianças e adolescentes por meio de desafios, segundo Caselli. A investigação ainda está em fase inicial.
O segundo preso, Paulo Vinícius, foi encontrado junto com Cayo em Olinda (PE), com o computador ligado e acessando o sistema da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco. Os dois admitiram que adquiriram os logins e senhas em grupos no Telegram. Segundo o delegado Euronides Meneses, eles tinham acesso a sistemas de todas as polícias do país e do Judiciário, podendo incluir informações falsas em mandados de prisão contra terceiros.
As prisões foram feitas em Olinda, na Grande Recife, em ação conjunta das polícias civis de São Paulo e Pernambuco. Após a audiência de custódia, será decidido se os investigados permanecerão em Pernambuco ou serão transferidos para São Paulo.
A polícia segue investigando crimes de ameaça, perseguição e associação criminosa no ambiente virtual, para que todas as medidas legais sejam adotadas.
Ameaças a Felca
Após um pedido da defesa de Felca, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou, em 17 de agosto, a quebra de sigilo de um usuário do serviço de e-mail do Google Brasil.
Os e-mails têm os seguintes dizeres: "prepara pra morrer vc vai pagar com a sua vida" e "vc vai morrer se prepara por sua vida vc corre risco e vc vai pagar com a vida".
O youtuber relatou ter sido alvo de ameaças de morte e falsas acusações de pedofilia após publicar o vídeo sobre a "adultização" nas redes sociais. Ele chegou a dizer, em entrevista a um podcast, que que passou a andar com carro blindado e seguranças na capital paulista, onde mora, para se proteger.
— (Estou recebendo) muitas (ameaças), de assuntos delicados. Muitas, muitas. Comecei a andar com carro blindado e segurança. Muitas ameaças, sim. A questão das bets, por exemplo, vieram muitas ameaças. A questão da adultização existe uma ameaça de processo. Provavelmente existe e a gente conta com isso, que vai existir alguns processos aí. Mas é o lado da verdade. Se ninguém fala, ninguém vai falar — afirmou, ao ser questionado se havia recebido ameaças por conta de seus vídeos.
Quem é Felca?
Natural de Londrina, no Paraná, ele tem 27 anos. Com 2 metros de altura e cabelos longos característicos, Felca começou a carreira na internet produzindo vídeos de gameplay, mas ganhou projeção nacional ao migrar para o humor e os comentários sobre temas diversos.
O sucesso veio de forma acelerada. Hoje, ele tem quase 20 milhões de seguidores somando YouTube, Instagram e TikTok. Um dos seus vídeos mais conhecidos é Testei a Base da Virgínia, publicado em maio de 2023, que acumula mais de 19 milhões de visualizações.
Na gravação, Felca testou um cosmético da influenciadora Virgínia Fonseca e ironizou o resultado cômico e insatisfatório.
Ele também esteve no centro de debates sobre as chamadas "lives NPC" no TikTok e, mais recentemente, se destacou por criticar influenciadores que promovem casas de apostas, especialmente após a participação de Virgínia na CPI das Bets.

