
Subsecretária da Receita Federal, Andrea Costa Chaves classificou como "uma invasão ao mercado financeiro" o esquema bilionário de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de postos de combustíveis e fundos de investimentos — alvo de megaoperação nesta quinta-feira (28). Em apenas quatro anos, entre 2020 e 2024, foram movimentados R$ 52 bilhões.
— Percebemos, na Operação Carbono Oculto, uma invasão do crime organizado na economia real e no mercado financeiro. Além de uma questão concorrencial, existe uma questão de separar o que é legítimo e o que é ilegítimo. É espaço que deixa de ser ocupado por empresários legítimos que realmente querem empreender no Brasil — declarou em coletiva de imprensa no fim da manhã desta quinta-feira.
Ela conta que o esquema estava presente em toda a cadeia econômica: da importação, distribuição e comercialização até o consumidor final do mercado de combustíveis.
— Uma fintech atuava como banco paralelo do crime organizado. A Receita identificou que os fundos fechados com um único cotista, geralmente criando várias camadas, tinham bens adquiridos como um terminal portuário, quatro usinas produtoras de álcool, mais participação em duas, ou seja, nós estamos falando da economia real — disse.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou o fato de a operação alcançar peças-chave do esquema e não apenas membros da facção que estão na linha de frente do crime organizado. As investigações apontam que o grupo criminoso controlava 40 fundos de investimentos com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões.
— Essa operação é exemplar, porque ela conseguiu chegar na cobertura do sistema, no andar de cima do esquema. (...) Conseguimos atingir um segmento importante dessa estrutura criminosa — avaliou o ministro.
Saldo positivo
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal, trouxe números da megaoperação. Até o momento da coletiva, por volta do meio-dia, haviam sido apreendidos R$ 300 mil em dinheiro e também houve o bloqueio de R$ 1 bilhão.
Além disso, ainda foram apreendidos 141 veículos e existem outros 1,5 mil com determinação judicial de sequestro, além de duas embarcações e sequestro de 192 imóveis. Andrei também revelou que 21 fundos de investimentos foram totalmente bloqueados, assim como ações no mercado financeiro relacionadas a 41 pessoas físicas e 255 pessoas jurídicas.
Os dados são referentes às ações coordenadas pela Polícia Federal. A Receita Federal informou que identificou uma frota de 1,6 mil caminhões e mais de cem imóveis entre o patrimônio utilizado no esquema.
Como funcionava o esquema

Um dos principais eixos da fraude passaria pela importação irregular de metanol. De acordo com investigação, o produto que chegava ao país não era entregue aos destinatários indicados nas notas fiscais, mas desviado e transportado clandestinamente, com documentação fraudulenta.
Esta substância era utilizada para adulterar combustíveis, gerando lucros bilionários à organização criminosa.
