
Duas das filhas da mulher investigada por matar o próprio bebê em São Pedro do Sul, na Região Central, passaram por exames toxicológicos para descobrir se há indícios de medicação contraindicada nas crianças. A mãe de 36 anos foi presa preventivamente, na tarde de quarta-feira (11), suspeita de matar o filho de 11 meses no bairro Santa Luiza, em novembro de 2024.
O caso é tratado como homicídio com dolo eventual. A polícia aguarda o resultado de exames de uma bebê de nove meses e uma criança de quatro anos para descobrir se também receberam antidepressivos, como o bebê que morreu. Ainda não há previsão de quando o inquérito deve ser concluído.
A mulher, que afirma estar grávida, está detida no Presídio Regional de Santa Maria. A prisão foi motivada pelo laudo de necropsia do menino, que indicou a presença dos fármacos no corpo.
Entenda o caso
Conforme o delegado Giovanni Lovato, responsável pelo caso, suspeita-se que a ingestão de antidepressivos, contraindicado para crianças, tenha contribuído para a morte, em 29 de novembro de 2024. A criança chegou a apresentar gastroenterite cinco dias antes de morrer. O pedido de exames nas duas filhas mais novas foi motivado pela suspeita de que os remédios eram utilizados para fazê-lo dormir.
Outros dois filhos da suspeita, 13 e 17 anos, não passaram por exames. Os quatro estão, desde a prisão dela, recolhidos em um abrigo do município. Conforme o Conselho Tutelar, os irmãos são filhos de pais diferentes e alguns genitores já organizam pedidos de guarda. A mulher tem também uma filha de 19 anos que não mora mais com ela.
A situação da família é acompanhada pelo Conselho Tutelar desde a segunda metade do ano passado. Conforme os conselheiros, equipes faziam visitas constantes à casa. Percebendo que a situação fugia da normalidade, o órgão procurou a polícia. Segundo o delegado, há relatos de amigos e familiares que acusam a mulher de negligência com a saúde e higiene dos filhos.
— As crianças eram normais, agitadas, e quando a mãe queria sair à noite, em poucos minutos, elas já estavam dormindo em sono profundo. Tem relatos que essa menina menor teve problemas cardíacos, passou por cirurgia, e a mãe não acompanhava essa bebê — disse Lovato em entrevista à Rádio Gaúcha.
Dois filhos morreram
Outros dois filhos da suspeita morreram antes dos quatro anos, em 2017 e 2018, no município de Toropi, também na Região Central. Em uma das mortes, a causa é atestada como aspiração de substância gástrica, um quadro parecido com o do último bebê que morreu, conforme a polícia.
O delegado ressalta que não há como relacionar as três mortes, mas afirma que a investigação será aprofundada com o município vizinho, onde os outros óbitos aconteceram.
Até a publicação deste texto, a defesa da suspeita não havia sido localizada.