
A Polícia Civil realizou, nesta terça-feira (10), operação contra o golpe do falso intermediário, que causou prejuízo na casa dos R$ 300 mil a quatro moradores de Canoas, na Região Metropolitana. Também há uma pessoa enganada no município de Castanhal, no Pará, que perdeu R$ 150 mil, o que eleva a fraude para próximo de R$ 500 mil.
A operação cumpriu 29 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão temporária e preventiva nos municípios de Várzea Grande e Cuiabá, em Mato Grosso, onde operava o esquema criminoso. Até o momento, oito pessoas foram presas.
Batizada de Operação Strick, a ofensiva é o resultado de mais de um ano de investigação que revelou rede criminosa interestadual dedicada a fraudes digitais.
Golpe do falso intermediário
Conforme a polícia, no golpe, o criminoso atua como se fosse intermediário legítimo entre vendedor e comprador após clonar anúncios em sites de vendas.
— Ele se apresenta como representante de um parente, amigo ou funcionário, oferecendo valores diferentes para cada parte. Quando o comprador realiza o pagamento, acreditando que está transferindo para o verdadeiro dono do veículo, o dinheiro vai para a conta do estelionatário, que desaparece — resume Luciane Bertoletti, delegada titular da 3ª Delegacia de Polícia (3ª DP) de Canoas, responsável pela investigação.
A ofensiva teve a participação policiais civis do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Pará, com apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senaso) e do Ciberlab, laboratório de inteligência do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
"O mundo desabou": o que dizem as vítimas
Zero Hora conversou com duas das vítimas, que pediram para terem a identidade preservada. Uma delas é um empresário que buscava uma empilhadeira. O homem conta que viu um anúncio, entrou em contato com o suposto vendedor e combinou de testá-lo, o que ocorreu na sede de uma empresa.
Por fim, pagou R$ 24,9 mil para ficar com a empilhadeira. No entanto, quando foi à empresa retirar o veículo, descobriu que tinha caído em um golpe.
— Disseram não ter recebido nenhum pagamento e que o vendedor não fazia parte do quadro de funcionários. Tive total segurança que estava comprando um equipamento com nota. O golpista era uma pessoa com uma boa conversa, bem instruído que passava credibilidade. A empilhadeira era um investimento na empresa. Fica um sentimento de tristeza — disse a vítima.
Em outro golpe, um estelionatário fez a intermediação da venda de um veículo. O golpista marcou um encontro entre as vítimas — o dono do carro e um casal interessado na compra.
As duas partes se acertaram e o dinheiro foi depositado na conta do golpista. Ficou acertado que o negociador mandaria os comprovantes de transferência para o proprietário. Os extratos, depois identificados como falsos, foram enviados e o dono do carro entregou o veículo ao casal. Ele desconfiou da situação quando viu que o dinheiro não entrou na conta.
— Eles me fisgaram de uma maneira que eu suspeitava de todo mundo, inclusive da outra vítima (o casal), e não do negociador. Só depois que ele deixou de atender as mensagens que cai na real, que fui vítima de uma estelionato. Foi aí que o mundo desabou — afirma o morador de Canoas, que precisava do dinheiro para dar entrada em um imóvel.