
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP) denunciou o advogado Daniel Nardon por fraudes eletrônicas praticadas contra pessoas idosas. A denúncia, encaminhada à 5ª Vara Criminal do Fórum Central da Capital no sábado (14), é a primeira após a operação Malus Doctor deflagrada em maio e é considerada a principal até o momento.
A peça acusatória da promotora de Justiça Letícia Viterbo Ilges, tem como base o inquérito policial remetido dia 9 de junho e refere-se a três vítimas iniciais. No entanto, há outros 82 inquéritos em andamento, envolvendo mais de cem vítimas em potencial.
— Além disso, para se ter uma dimensão desta litigância predatória, até pessoas falecidas foram vítimas. Ao todo, são mais de 113 mil processos no Estado e mais de 140 mil no Brasil que o escritório do suspeito tem em tramitação — disse a promotora.
Nardon está preso preventivamente desde 15 de maio. A defesa dele, representada pelo advogado Ricardo Breier, disse a Zero Hora que "tomará ciência e iniciará o trabalho técnico do contraditório as acusações".
De acordo com a promotora de Justiça, a denúncia é referente a uma primeira fase da investigação. Outras fases com mais vítimas também envolvem crimes como falsidade ideológica, falsificação e uso de documentos falsificados, estelionato, apropriação indébita e fraudes processuais.
Malus Doctor
Conforme a promotora, o escritório possui mais de 113 mil processos no Rio Grande do Sul e mais de 140 mil no Brasil.
— Isso demonstra o tamanho dessa litigância predatória que era desenvolvida por essa organização criminosa — disse.
Suspeita de fraudes
Conforme as investigações, o advogado utilizava três escritórios localizados no mesmo endereço em Porto Alegre para atrair vítimas idosas, oferecendo supostos serviços de revisão de empréstimos consignados com a promessa de redução de juros.
De posse de documentos e senhas fornecidos pelas vítimas, os escritórios realizavam novos empréstimos consignados em nome dos idosos, que acabavam arcando com os valores das novas dívidas, além dos honorários advocatícios cobrados.
Durante a investigação, foram deferidas diversas medidas cautelares, como a quebra de sigilo de dados, bancário e a apreensão de bens com o objetivo de ressarcir as vítimas. Também foram apreendidos celulares, notebooks e documentos. A análise do material apreendido, que está em andamento, poderá revelar o envolvimento de outros suspeitos em uma segunda fase da investigação.