O julgamento da mãe e do padrasto do menino João Vicente Luz de Vargas, três anos, morto em 2022 em Taquari, começou por volta das 8h desta quarta-feira (11) no Fórum de Taquari, no Vale do Taquari. A previsão é de o processo que dure dois dias.
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MPRS) ainda em 2022, os réus Jéssica de Vargas (mãe), 26 anos, e Josuel Cardozo Bergenthal (padrasto), 25, são acusados de homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e emprego de tortura), além de tortura e lesões corporais simples praticadas contra criança e descendente.
Conforme o Tribunal de Justiça (TJRS), devem ser ouvidas 14 testemunhas, sendo quatro de acusação e 10 de defesa, cinco de cada réu.
Conforme a denúncia, o padrasto teria se irritado enquanto trocava as fraldas da criança e a agrediu com um tapa na cabeça e o arremessou sobre um colchão, fazendo com que ele batesse a boca na parede. Essa informação foi confessada por ele em 4 de fevereiro de 2022, um dia após a morte. Ele afirmou ainda que chutou o menino quando ele já estava caído.
Na mesma denúncia, o promotor André Eduardo Schröder Prediger, responsável pelo caso, pediu a prisão da mãe da criança, pois, conforme o processo, ela tinha conhecimento da atitude do companheiro, não fez nada para encerrar o ciclo de agressões e acobertava as lesões anteriores à morte do menino.
Segundo a ação, após a prisão do padrasto do menino em Taquara, Jéssica voltou para casa e limpou todos os vestígios do crime, atrapalhando o trabalho da perícia no local da morte.
Era também de conhecimento da mãe, de acordo com o MP, que Bergenthal não desejava conviver com os filhos do relacionamento anterior dela, exigindo que fosse feita uma escolha entre ficar com ele ou com as crianças.
Ainda conforme o Ministério Público, a criança vinha sendo submetida a agressões físicas dias antes do homicídio, como tapas e golpes de vara de madeira, usados como forma de castigo.
Relembre o caso
João Vicente foi morto em 3 de fevereiro, em Taquari, e a prisão preventiva de Bergenthal foi decretada um dia depois. O padrasto da criança alegou ter cometido o crime porque o choro da criança o irritava.
Bergenthal e Jéssica são de Canoas e haviam se mudado para Taquari cerca de um mês antes. O padrasto contou que espancou a criança em um momento de extrema irritação e chegou a dar banho no menino para tentar acordá-lo, após cometer as agressões.
A mãe relatou que havia deixado a criança com o padrasto em casa e, quando retornou, o menino estava deitado no quarto, com sinais de ferimentos e já desacordado. A causa da morte de João Vicente foi hemorragia, provocada por um traumatismo craniano, conforme laudo do Departamento Médico-Legal (DML).
Produção: Natália Piva