
A Polícia Federal (PF) reforçou a fiscalização no Aeroporto Internacional Salgado Filho após identificar o uso do terminal como rota para tráfico internacional de drogas. O principal alvo das operações criminosas são os voos com destino à Europa, especialmente a rota direta para Portugal, reativada no início de abril após quase um ano suspensa devido à enchente.
Em nota, a Fraport Brasil, concessionária que administra o aeroporto, informou que "realizou um investimento estratégico, adquirindo 16 equipamentos de alta tecnologia no sistema de inspeção de bagagens doméstica e internacional". A PF afirma que intensificou as ações de inteligência e o monitoramento de passageiros e bagagens.
Segundo as investigações, criminosos tentam usar Porto Alegre como uma das rotas para o envio de cocaína à Europa. O esquema começaria nas fronteiras com Paraguai e Bolívia e cruzaria o país por rodovias até a capital do Rio Grande do Sul.
Conforme a apuração da PF, em vez de utilizar o terminal de cargas, os criminosos recorrem principalmente ao recrutamento de jovens brasileiros, conhecidos como "mulas", que escondem a droga nas malas ou no próprio corpo. Eles são atraídos pela promessa de dinheiro e viagens internacionais.
Apesar da tentativa de burlar a fiscalização ao escolher aeroportos fora do eixo Rio-São Paulo, a PF garante que a maioria dos casos acaba sendo flagrado. Em 2022, pouco mais de 10 quilos de drogas foram interceptados no aeroporto. Em 2023, o número saltou para 42 quilos, em seis tentativas, todas ligadas a voos para Portugal. No ano passado, até o fechamento do aeroporto por causa da enchente, três tentativas de embarque com entorpecentes foram frustradas.
— Eles tendem a procurar esses aeroportos que têm voos diretos para tentar burlar essa fiscalização e conseguir chegar no continente europeu — afirmou o delegado Marcelo Ferrareze, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF.
Prevenção e repressão
No aeroporto, a delegacia da PF atua na prevenção do envio de drogas e mantém atenção ao perfil dos passageiros, além de trocar informações com outras polícias, como a Interpol.
— Eles não estão tendo vida fácil em Porto Alegre. A Polícia Federal atua para prevenir e reprimir qualquer prática ilícita que comprometa a segurança da aviação, com especial atenção ao tráfico internacional de drogas — afirmou Américo Boff, delegado da PF no Salgado Filho.
A PF também vem aprofundando as investigações sobre os chefes do esquema. De acordo com o delegado Ferrareze, as apurações recentes traçam todo o caminho da droga, desde o seu comprador até os demais participantes do esquema.
— O objetivo é identificar quem está por trás do envio: os responsáveis pela aquisição da droga, preparação, captação de pessoas e o grupo que faria a distribuição na Europa — detalhou Boff.
Entre os casos recentes, a PF encontrou cocaína escondida em fundos falsos de malas e até diluída em pacotes de chocolate. As prisões envolveram jovens entre 21 e 28 anos — alguns recrutados para viajar sozinhos, outros em dupla.
O que diz a Fraport Brasil
Priorizando a segurança da aviação civil, a Fraport Brasil realizou um investimento estratégico em segurança, na reconstrução do Porto Alegre Airport, adquirindo 16 equipamentos de alta tecnologia no sistema de inspeção de bagagens doméstica e internacional.