
A morte de Marlon Celso da Costa, 44 anos, consternou amigos, familiares e colegas de trabalho. O vigilante foi espancado até a morte na noite de terça-feira (13), na estação Anchieta da Trensurb, em Porto Alegre. Ninguém foi preso até o momento.
Pessoas próximas definem a vítima como um homem dedicado à família e conhecido na categoria devido ao trabalho sindical exercido durante oito anos.
Morador de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, Costa era vigilante da Star Service e atuava desde novembro de 2022 na Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), na zona norte da Capital.
A vítima também foi diretor do SindiVigilantes do Sul entre 2013 e 2020. No período, ele atuou para melhorar a representatividade da categoria no interior do Estado, segundo José Airton de Souza Trindade, 53 anos, atual responsável pelo sindicato.
Em 2014, quando morava em São Luiz Gonzaga, nas Missões, Trindade recebeu de Costa o convite para ser delegado sindical na região.
— Ele sempre atuava em defesa dos direitos dos trabalhadores. Se fosse preciso, pegava o microfone, ia para a frente da empresa cobrar. Era um excelente companheiro de lutas, muito dedicado. Todo mundo está consternado com o que aconteceu — relata Trindade.
O perfil de Costa no Facebook demonstra outra característica mencionada por pessoas próximas: a dedicação à família. No aniversário de uma das filhas, escreveu sobre o sentimento de orgulho. "Agradeço a Deus por ter me privilegiado de ser teu pai, te amo!" Em outra comemoração, registrou para uma das filhas: "Ela é quem dita minha vida, meu humor e também meu amor, este dia é um dos mais especiais pra mim".
Em 2022, ao completar 24 anos de relacionamento, o vigilante se declarou para a esposa e agradeceu os frutos do relacionamento: quatro filhos e três netos. "Nossa história que só acaba no final de nossas vidas, obrigado por tudo, te amo como o primeiro ano desses 24 que passaram até agora!"
— Era um pai exemplar, nunca deixou faltar nada para esposa, filhos e netos. Era um cara amigo, tu não tinha o que falar dele, era uma pessoa educada com todos — disse Luiz Henrique Aguiar da Silva, 62 anos, amigo da vítima.
Silva foi colega de Costa por quatro anos na Ceasa. Nesse período, a relação tornou-se uma amizade que, durante 15 anos, incluiu convívio familiar e reuniões para churrascos. Entre as características da vítima, o amigo destaca a liderança natural que ele exercia entre os colegas, mesmo fora do sindicato.
Silva soube da morte quando estava a caminho do SindiVigilantes, onde atua como diretor financeiro.
— Foi um choque, como se tirassem o chão debaixo das minhas pernas — resumiu.
O sepultamento de Costa está marcado para esta quinta-feira (15) no Cemitério Pio XII — Morro, em Sapucaia do Sul.
Investigação
Costa foi morto quando retornava para casa, após sair da Ceasa, por volta das 19h. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o delegado Mario Souza, diretor do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, afirmou que a investigação está centrada em uma briga com o suspeito principal do homicídio na estação de trem.
— Ocorreu um desentendimento entre uma das pessoas responsáveis direta ou indiretamente pela morte do vigilante. Houve depois uma organização dele (do suspeito) com um grupo de homens para cometer essa vingança — afirmou.
Segundo a investigação, câmeras de segurança registraram o crime, que não teve uso de facas ou armas de fogo.
— Foi uma morte brutal, por socos, pontapés e chutes — acrescentou Souza.
Ninguém havia sido preso até a publicação desta notícia.