Uma ação conjunta entre a Polícia Federal e a Força Especial de Luta Contra o Crime Organizado, da Bolívia, prendeu na sexta-feira (16), Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, apontado como uma das principais lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Ele estava foragido e foi preso oficialmente após comparecer a uma unidade policial na cidade de Santa Cruz de La Sierra para tratar de questões migratórias. Na ocasião, ele apresentou um documento falso em nome de Maicon da Silva.
Em 2020, Tuta chegou a ser apontado como principal liderança do PCC fora da prisão e já foi chamado de "novo Marcola" pelo promotor Lincoln Gakya, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), especialista no combate à facção criminosa.
A PF não divulgou oficialmente quem é o preso, mas uma fonte na corporação disse ao jornal o Estado de S. Paulo que se trata de Tuta. A identidade dele foi confirmada biometricamente na manhã deste sábado (17). O oficial de ligação da corporação em Santa Cruz de La Sierra negocia os trâmites para extraditar o brasileiro.
"O indivíduo permanece sob custódia das autoridades bolivianas, aguardando a confirmação de sua identidade e os procedimentos legais que poderão resultar em sua expulsão ou extradição ao Brasil", disse a Polícia Federal em seu comunicado oficial. De acordo com a corporação, Tuta está na Lista de Difusão Vermelha da Interpol, "o que motivou a intensificação dos esforços para sua localização e captura".
Tuta e outras três pessoas foram condenadas em fevereiro de 2024 pela Justiça de São Paulo por associação criminosa e lavagem de dinheiro. Dos quatro, ele era o único que estava foragido e não cumpria a pena, de 12 anos e seis meses de prisão. A condenação ocorreu após denúncia do Ministério Público do Estado (MP-SP) no âmbito da Operação Sharks. O grupo teria movimentado mais de R$ 1 bilhão para o PCC.
Tuta chegou a ser alvo de pedido de prisão preventiva em setembro de 2023, mas não foi encontrado. Uma investigação posterior, que ganhou força após a morte do delator Antônio Vinícius Gritzbach no ano passado, apontou que policiais militares teriam recebido dinheiro para impedir a prisão de Tuta — ele estaria na lista de beneficiários de informações sobre operações vazadas com antecedência pelos policiais. Segundo a Corregedoria da Polícia Militar paulista, o PCC conseguiu se infiltrar na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e outras unidades da corporação.
De acordo o MP-SP, Tuta ocupou a função de "sintonia final da rua", sendo responsável pelo controle dos setores da facção ligados ao tráfico de drogas. Ele foi acusado de lavagem de dinheiro do tráfico com a locação de uma casa de alto padrão em Santana do Parnaíba, a compra de duas casas em Peruíbe, a aquisição de três imóveis em São Paulo, além da compra de uma chácara em Araçatuba e de apartamentos em Santos.