
O ônibus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) envolvido no acidente que deixou sete mortos e 26 feridos em Imigrante, no Vale do Taquari, apresentava desgaste em um dos freios traseiros. A informação foi repassada pelo delegado José Romaci Reis à reportagem de Zero Hora nesta segunda-feira (28).
A análise no ônibus foi iniciada em 8 de abril pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) e entregue nesta tarde à Polícia Civil. O objetivo, conforme polícia, era identificar vestígios técnicos e mecânicos que pudessem auxiliar na compreensão da dinâmica do ocorrido.
— Em um dos freios, na parte traseira, no lado direito, as lonas estavam excessivamente gastas. E provavelmente isso tenha sido uma das causas do acidente, porque praticamente não existia lona. Estava quase ferro com ferro. Não tem como segurar um veículo assim — afirmou o delegado, que ainda analisa o documento.
Outras análises
A polícia investiga também outras variáveis que possam ter colaborado para o desfecho que vitimou alunos e funcionários da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para isso, outras análises serão solicitadas.
— A gente está analisando ainda o laudo na sua complexidade total para verificar se há outras causas, o que só será esclarecido com outros quesitos complementares e talvez uma nova perícia no próprio ônibus que pode ser requisitada — acrescentou o delegado em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha, da Rádio Gaúcha.

Além de definir as causas do acidente, esses laudos podem evidenciar se o comportamento do motorista que conduzia o ônibus foi adequado à situação, indica o delegado.
Após todas as análises, a polícia deve finalizar o inquérito, que segue sem previsão para a conclusão.
O que diz a UFSM
Procurada pela reportagem, a universidade afirmou que, como ainda não foi comunicada oficialmente, não irá comentar o assunto.
Na quarta-feira (30), porém, o reitor Luciano Schuch se manifestou publicamente sobre a conclusão do laudo. Nas redes sociais, afirma que a perícia do IGP constatou que o veículo possuía cintos de segurança.
No vídeo, gravado no gabinete da universidade, Schuch também ressalta que as falhas identificadas no freio direito traseiro do ônibus será objeto de sindicância interna da universidade, a ser conduzida com a participação de dois engenheiros mecânicos com doutorado.
— Destacamos também que o ônibus passou por manutenção preventiva em 19 de setembro de 2024 com uma empresa credenciada, com custo de aproximadamente R$ 14 mil. Depois dessa manutenção, ele rodou aproximadamente 10 mil quilômetros até o momento do acidente — ressaltou.
Veja a manifestação na íntegra:
O acidente
O acidente com o ônibus, por volta das 11h15min de 4 de abril, provocou sete mortes na estrada que liga Imigrante à Rota do Sol (RS-453), no Vale do Taquari. O ônibus teria caído em um barranco por cerca de 100 metros, tombando por repetidas vezes.
Além dos sete mortos, 26 pessoas ficaram feridas.
O veículo transportava estudantes do Colégio Politécnico da UFSM para uma visita ao Cactário Horst, que fica em Imigrante. O local é referência no país na produção de plantas ornamentais, com milhares de espécies de cactus e suculentas.
As vítimas
- Dilvani Hoch, 55 anos
- Elizeth Fauth Vargas, 71 anos
- Fátima E. R. Copatti, 69 anos
- Flavia Marcuzzo Dotto, 44 anos
- Janaina Finkler, 21 anos
- Marisete Maurer, 54 anos
- Paulo Victor Estefanói Antunes, 27 anos