O empresário Wanderlei da Silva Camargo Júnior, 52 anos, foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, inicialmente em regime fechado, por atacar com ácido cinco pessoas na zona sul de Porto Alegre. Os ataques ocorreram em junho de 2019.
Camargo Júnior chegou a ser preso preventivamente após os fatos e foi solto em 2020. Segundo a decisão da juíza Gabriela Pereira, da 11ª Vara Criminal do Foro Central, ele poderá recorrer da sentença em liberdade.
O homem foi condenado pelos crimes de lesões corporais, ameaça, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, entre outros. Além da prisão, foi determinado pagamento de 20 dias de multa equivalente a um terço do salário mínimo vigente na época.
De acordo com a acusação, o condenado confessou parte dos crimes ainda durante as investigações iniciais e alegou que o objetivo era assustar a família da ex-companheira.
— Como estava em fase de separação, queria demonstrar para a ex-companheira que os locais habituais (que ela frequentava) não eram seguros. Queria que ela fosse residir com ele no Estado do Paraná — contou, à época, o delegado Luciano Coelho, da 13ª Delegacia de Polícia, responsável pelo inquérito.
Procurada pela reportagem, a defesa afirma que irá recorrer da decisão (leia o contraponto abaixo).
Os ataques
Camargo Júnior, que é empresário em Curitiba, no Paraná, foi inicialmente indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público pelos cinco ataques.
Conforme a investigação, no dia 19 de junho de 2019, na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai, o homem estava de bicicleta e se aproximou de uma dona de casa. Ela afirma que o agressor gritou "olha a água" e atirou uma substância contra o rosto dela — a perícia confirmou que se tratava de ácido sulfúrico.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) localizou posteriormente, em um notebook do investigado, pesquisas sobre tipos de ácidos, substâncias causadoras de queimaduras e fabricantes de produtos químicos. Foram encontrados ainda registros que sugerem interesse em espionagem, como rastreamento de celular, rastreamento veicular e escutas de ambiente.
O episódio envolvendo a dona de casa foi o início de uma série de ataques registrados durante três dias na Zona Sul. Quatro mulheres e um adolescente, na época com 17 anos, foram os alvos.
Os ataques aconteceram em pontos com pouca circulação de pessoas, enquanto as vítimas estavam sozinhas. Após várias investigações, o homem foi identificado e preso em outubro de 2019 no Paraná — ele chegou a ficar cinco meses detido, mas, em março de 2020, obteve a liberdade por conta do risco de contaminação pelo coronavírus.
Contraponto
O que diz o advogado Wellington Alves Ribeiro:
"A defesa de Wanderlei da Silva Camargo informa que tomou conhecimento da sentença condenatória através da imprensa, sendo que até presente momento não foi intimado sobre a sentença. Destaca que vê com irresignação a notícia da condenação em patamar tão elevado e que após tomar ciência irá recorrer da decisão."