Um policial militar que apitava um jogo de futsal sub 20 na praia do Cassino, em Rio Grande, sacou uma arma ao final de uma partida e apontou para os jogadores. O fato ocorreu na última quarta-feira (26), na região sul do RS. A Polícia Civil recebeu dois boletins de ocorrência sobre o caso. Um deles foi registrado pelos jogadores por lesão corporal e o outro foi lavrado pelo árbitro, por ameaça.
A delegada Lígia Marques Furlanetto, titular da Delegacia de Polícia Regional de Rio Grande, informa que o árbitro atua junto ao 6º Batalhão de Polícia Militar, que abrange o município. Ela explica que a investigação deve ser conduzida pela 3ª DP do Cassino.
— Foram feitos os dois boletins de ocorrência. Vamos verificar os fatos, se as ameaças foram antes ou depois do jogo e como ocorreram as lesões. Também já estamos de posse do vídeo da transmissão — diz a delegada.
Conforme o capitão Fábio Suppo Mendonça, que responde pelo comando do 6º BPM na ausência do titular, o major Marcelo Nunes Ferreira, foi instaurada uma investigação interna para apurar os fatos. Ele explica que o soldado, cujo nome não foi divulgado, estava de folga no momento do ocorrido e segue desempenhando suas funções na corporação.
— Não recebemos nenhuma denúncia formal. Entretanto, instauramos um procedimento, uma sindicância, para investigar os fatos. Precisamos verificar se aquela arma é da Brigada ou se é particular, e se ele tem outras armas em seu nome. Na condição de policial militar, ele está autorizado a portar a arma 24 horas por dia. O que pode ter ocorrido é uma abordagem incorreta, mas tudo isso precisa ser investigado — sublinha.
Conflito após expulsão
O fato ocorreu ao final da partida entre os times amadores É Us Guri e Gaúcho Guimarães pela Copa ARGF Cassino 2022. Imagens registradas pela Rádio Tamandaré, que transmitiu o jogo pelas redes sociais, mostram o momento em que a confusão tem início.
O conflito ocorre entre jogadores do time É Us Guri, que venceu o jogo por cinco gols a quatro, e o árbitro, após o término da partida. O motivo foi a expulsão de um jogador que havia recebido dois cartões amarelos.
Uma testemunha ouvida por GZH, que preferiu não ter a identidade divulgada, relata que o árbitro teria chamado o jogador que foi expulso para perto da tela e teria dado um soco em seu rosto. Devido à agressão, os demais jogadores do time teriam cobrado satisfações do árbitro.
Após o início do tumulto, um jogador do É Us Guri entra na quadra e se aproxima do grupo reunido em torno do árbitro. Neste momento, o policial saca a arma e desfere uma coronhada contra o rosto do rapaz, que cai sentado. Outros jogadores partem para cima do árbitro, mas um membro da equipe técnica separa o tumulto.
Conforme a testemunha, o jovem atingido pela coronhada tem 17 anos. Ele teria sido levado pelos colegas de time para a unidade de pronto atendimento (UPA) e recebido três pontos no rosto.
Outra testemunha que preferiu não se identificar por medo de represálias informou que o técnico foi agredido verbalmente durante um longo período após a expulsão do jogador. Segundo relato, “ele sacou a arma para conter uma confusão generalizada que poderia culminar em algo pior.”
A equipe técnica do É Us Guri publicou uma nota de repúdio em suas redes sociais, relatando a sua versão dos fatos. No texto, além de descrever a confusão e repudiar a agressão sofrida por um dos atletas, o time também reconhece que foram proferidos xingamentos contra o árbitro.