
O Ministério Público (MP) pediu, nesta sexta-feira (3), anulação do júri que condenou Igor Rafael Schönberger, 24 anos, a sete anos e onze meses de prisão por atear fogo à então namorada Bárbara Hoelscher, 26 anos. O crime ocorreu em novembro de 2016, na casa onde ambos moravam, em Lindolfo Collor. A jovem ficou 73 dias internada na UTI com 47% do corpo queimado.
No dia 20 de julho, Igor foi condenado por homicídio, triplamente qualificado por meio cruel, por recurso que dificultou a defesa e tentativa de feminicídio. De acordo com a promotoria, o julgamento foi contrário às provas apresentadas e a pena aplicada foi insuficiente diante da gravidade do crime. Além disso, o MP afirma que a qualificadora de motivo fútil foi afastada da sentença.
No júri, a defesa de Schönberger alegou que ele cometeu o crime para que Bárbara parasse de ofender sua família durante uma discussão. O entendimento da juíza, portanto, foi de que ele agiu sob emoção. O argumento foi aceito pelo júri, que reduziu a pena em um sexto.
Para o MP, não há provas para o reconhecimento dessa atenuante, mas apenas a versão do réu. A decisão também foi criticada pela advogada da vítima.
— Mais uma vez a legislação penal mostra que mulheres podem ser violentadas sob a justificativa de que provocaram o agressor — criticou a advogada Caterine Rosa após o julgamento.
No mesmo pedido de anulação, o MP encaminhou como alternativa um aumento na pena imposta, considerando os argumentos apresentados.
A defesa do réu afirma que ainda não foi intimada do pedido do Ministério Público e, portanto, não tem conhecimento dos argumentos. O advogado Anderson Roza havia dito, após o júri, que também recorreria, pedindo que a tentativa de homicídio fosse convertida em lesão corporal grave.
O crime
Denunciado pelo Ministério Público, Schönberger foi preso preventivamente e recolhido ao Presídio Central em 23 de fevereiro de 2017 acusado de tentativa de homicídio quadruplamente qualificado (motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima, meio cruel e tentativa de feminicídio). Ele foi pego em uma operação da Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em um sítio na cidade de Imigrante, no Vale do Taquari, onde estava escondido há mais de 90 dias.

Em entrevista a GaúchaZH em 2017, Bárbara contou que, em 10 de novembro de 2016, os dois tiveram uma discussão por volta das 22h. Depois, ela foi agredida fisicamente e surpreendida com um jato de inseticida na boca. Em seguida, ele jogou água sanitária no seu corpo e colocou fogo.
Igor admitiu apenas ter riscado um fósforo e ter jogado o palito aceso contra Bárbara. Os produtos químicos, garante o advogado do preso, ela própria teria jogado em seu corpo.
As chamas foram contidas debaixo do chuveiro. Logo depois, Bárbara foi encaminhada para o hospital de Ivoti, de onde foi transferida ainda na madrugada para Novo Hamburgo.