Humberto Trezzi / Brasília
Casado com uma ex-miss, o italiano Luca Alessandro Longobardi, 41 anos, é bastante conhecido no mundo dos negócios no Rio Grande do Sul. Ele é sócio de uma consultoria financeira com representação na Avenida Carlos Gomes, em Porto Alegre, e intermediou negócios milionários, como a venda de redes de varejo no Estado. Foi com surpresa que o mundo empresarial descobriu, ontem, que ele está preso por suposta ligação com a máfia napolitana Camorra.
Longobardi foi capturado na tarde de terça-feira no consulado norte-americano em São Paulo, quando tentava obter visto de trabalho nos EUA. Ao digitar o nome do italiano no computador, num procedimento de rotina, uma funcionária consular deparou com um aviso de Difusão Vermelha da Intepol (Polícia Internacional) - uma alerta que aponta ele como foragido, com ordem de captura válida em alguma parte do mundo. No caso do empresário, ele teve a prisão decretada por um tribunal de Roma em 6 de julho. O consulado avisou a Polícia Civil paulista, que prendeu Longobardi e o repassou para a Polícia Federal.
O site da Interpol informa que ele teve a prisão decretada por crime financeiro, lavagem de dinheiro e por envolvimento em organização criminosa. No caso, com a Camorra, a segunda maior máfia da Itália, superada em número apenas pela famosa Cosa Nostra. O tribunal italiano acusa Longobardi de ter mexido, em uma movimentação financeira, com R$ 20 milhões pertencentes a mafiosos.
Longobardi atuou em mais de 50 negócios de quilate no país
Foi na terra natal da Camorra, Nápoles, que Longobardi se graduou em Gerenciamento de Finanças e virou banqueiro, nos anos 90. É um dos fundadores da State Capital, consultora financeira que tem representação em Porto Alegre. Em 2001 transferiu-se de Milão para o Brasil e se envolveu em mais de 50 negócios de alto quilate. Um deles foi a intermediação da venda de uma rede de lojas gaúcha, no ano de 2004.
- Estou absolutamente surpreso. O Longobardi fez um trabalho excelente. Foi contratado para avaliar nosso patrimônio e, depois, acabou sondando no mercado um parceiro que acabou adquirindo as lojas - comenta um antigo dirigente do grupo gaúcho.
Longobardi teve sua prisão preventiva decretada pelo presidente do STF, com base na Lei do Estrangeiro. Ele só pode ficar preso e ser extraditado depois que o mandado de prisão italiano chegar ao Brasil.