A asma é uma doença inflamatória dos brônquios, com fatores alérgicos e genéticos. Os brônquios fazem parte do sistema respiratório e têm como principal função levar o ar até os pulmões. Essa inflamação leva ao estreitamento brônquico, que dificulta o fluxo de ar, causando sintomas intensos de falta de ar, chiado no peito e tosse. A doença atinge entre 10% e 15% da população brasileira, número que representa cerca de 20 milhões de pessoas.
Qual é a causa?
O componente genético é um dos mais importantes. Na grande maioria dos casos, alguém da família tem a doença. Pode acontecer de pular uma geração – afetando, por exemplo, avós e netos, mas não os pais. A pessoa já nasce com a doença, mas pode desenvolver os sintomas no decorrer de sua vida. É mais comum que comecem a aparecer na infância, tendo um pico até a adolescência.
Como é feito o diagnóstico?
A pessoa que percebe os sintomas da asma deve procurar um pneumologista para fazer um exame chamado espirometria. Nesse exame, o paciente assopra em um dispositivo, onde é possível quantificar sua capacidade pulmonar. A espirometria é fundamental para o diagnóstico clínico, sendo preciso também uma boa investigação do histórico do paciente, já que a asma pode ser confundida com outras doenças como infecções virais, enfisema, rinite e até mesmo insuficiência cardíaca.
Tem cura?
A asma é uma doença crônica – ou seja, não tem cura –, mas é controlável. Cerca de 95% dos pacientes que fazem o tratamento corretamente administram bem a doença.
Quais podem ser os gatilhos da asma?
As crises ocorrem de forma súbita e aguda, sendo desencadeadas por diversos fatores, como fumaça, algum cheiro forte, umidade, mudança brusca de temperatura, infecções virais e bacterianas, entre outros irritantes respiratórios. No entanto, a asma é uma doença muito heterogênea, podendo se comportar de maneiras diferentes de acordo com a pessoa.
No inverno, piora?
Na nova estação, os sintomas e as crises tendem a piorar na maioria dos asmáticos, pois a exposição ao ar frio e seco podem irritar os brônquios, desencadeando tosse e falta de ar. Além disso, a maior convivência em locais fechados favorece a transmissão de doenças infecciosas, sobretudo virais, que também contribuem para as crises de asma.
Como é o tratamento?
O controle da asma é feito por meio do tratamento farmacológico e do ambiental: além da limpeza constante de tapetes, cortinas e da residência em geral, a fim de evitar mofos, os pacientes normalmente utilizam broncodilatadores e corticoides inalatórios (bombinhas), que atuam tanto na inflamação quanto nos broncoespasmos.
O tratamento deve ser feito durante toda a vida do paciente, com acompanhamento e avaliação médica frequente. Alguns pacientes, por exemplo, precisam ser tratados somente no inverno, mas a resposta varia de pessoa para pessoa. Mesmo um paciente que tem a doença controlada deve consultar um pneumologista pelo menos uma vez ao ano.
Aderência versus mitos
Para conviver bem com a asma, é de extrema importância que o paciente seja aderente ao tratamento, sabendo que é uma doença crônica que precisa ser monitorada continuamente, mesmo que os sintomas não se manifestem.
Também é necessário esclarecer dúvidas e mitos relacionados às bombinhas, que não viciam nem engordam, como muitas pessoas acreditam. Um paciente asmático pode ter uma vida normal, desde que a doença esteja controlada.
Produção: Jhully Costa
Fonte: Gustavo Chatkin, médico pneumologista da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Rio Grande do Sul