Pezinho, orelhinha, olhinho, coraçãozinho. Não, não se trata de brincadeira com um bebê. O assunto é sério.
Esses diminutivos estão relacionados a testes de triagem feitos logo após o nascimento. Muitas vezes a criança nasce aparentemente normal, recebe alta do berçário com 48 horas mas, no decorrer de semanas, desenvolve alterações que podem trazer graves riscos. Esses testes servem para detectar doenças que, se diagnosticadas precocemente, podem ser tratadas também precocemente, fazendo toda a diferença.
Para seu crescimento e desenvolvimento, o cérebro humano necessita de equilíbrio hormonal desde os primeiros dias de vida. Algumas crianças nascem sem função adequada da tireoide. O hipotireoidismo no recém-nascido pode levar a deficiência mental, além de outros problemas. No passado, quando surgia a suspeita dessa alteração no lactente, já era tarde para que o tratamento resgatasse o potencial intelectual. Atualmente, essa anomalia é uma das doenças descartadas com o teste do pezinho de rotina, na primeira semana de vida. Se o resultado estiver alterado, a reposição hormonal precoce garantirá a normalidade.
A surdez congênita atinge uma em cada mil crianças. O teste da orelhinha, incorporado nas triagens neonatais desde 2010, garante o diagnóstico e o encaminhamento especializado para emprego de próteses auditivas nos primeiros seis meses de vida. Essas crianças passam a escutar e, portanto, aprendem a falar e crescem sem diferenças dos "ouvintes".
Em 2010 também foi introduzido o teste do olhinho nas triagens. Criança pode nascer com catarata e, como a visão é um sentido desenvolvido por estímulos luminosos, o bloqueio desses estímulos pode provocar a cegueira. A descoberta dessa alteração logo após o nascimento exigirá intervenção cirúrgica imediata.
No dia 11 de junho, portaria do Ministério da Saúde incorporou o teste do coraçãozinho como parte da triagem neonatal do Sistema Único de Saúde (SUS). O exame detecta cardiopatias graves e diminui o percentual de recém-nascidos que recebem alta sem o diagnóstico de problemas com risco fatal ainda no primeiro mês de vida. Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria indicam que, 10 entre mil nascidos têm problemas cardíacos congênitos e desses, dois são casos graves que precisam ser reconhecidos o mais rapidamente possível. É um teste simples, indolor, rápido, que utiliza um aparelho que mede a oxigenação do sangue.
Todo "inho" será bem-vindo, desde que represente ganho real na saúde de nossas crianças.