Os brasileiros adoram paquerar, namorar e casar, e a maior prova disso é que, apesar do aumento no número de separações, voltam a casar.
A visão da maioria das pessoas sobre separação é de fracasso, e como implica muito sofrimento é comum que seja adiada. Entendo: vocês sonharam envelhecer juntos, mas um dos dois, após algum tempo, mudou de ideia. Você pensa que a dissolução de um vínculo é sempre uma derrota? Penso que toda a trajetória vivida pode ser valorizada, não como armadilha a nos escravizar e a nos prender ao passado e, sim, como uma experiência que nos ensinou sobre acertos e erros humanos. Refiro-me a relacionamentos nos quais houve felicidade em muitos momentos e não naqueles em que as emoções negativas predominaram.
Tudo que foi construído, se o vínculo foi saudável, deixará, no mínimo, alguns bons frutos. Quais frutos? O que aprendemos com o outro, o que o outro a inspirou a ser (talvez generosa, corajosa, indagativa, alegre ou mais tolerante) ou a ter, talvez, novo estilo de vida, nova carreira, novos sonhos. O "ser ou ter" não são excludentes e o "ter" possui lados positivos. Muitos ainda têm filhos, outro "presente".
Como saber que é melhor separar? Você não lembra mais do dia em que o outro a fez "sentir-se especial" ou admirada? Não recorda mais de vocês sorrindo juntos, por bobagens, alegrias ou erros? Você constatou que o outro foge frente a um clima erótico como também que as demonstrações de amor desapareceram. Nunca mais vocês viajaram sozinhos, apesar de você sugerir. Há muito tempo vocês pararam de acrescentar algo de bom na vida do outro. Vocês casaram jovens e um dos dois mudou muito a ponto de ser difícil compartilhar a vida de modo feliz e digno?
É melhor separar quando há respeito ao vínculo. O outro falou "quero aproveitar a vida... ter outros parceiros sexuais"? É possível conviver com o outro voltando às duas horas da manhã ou constantemente escondendo o celular? Infelizmente o "eu não te amo mais" sempre é verdadeiro. Não se engane! Tememos mudanças importantes e a separação é uma delas, contudo, às vezes, é o único modo de salvar-se.
O que dificulta superar a separação? Guardar objetos do outro após ele ter saído de casa é bom para você? O outro lhe "dá corda" através de frases ambivalentes ou é você que romanceia tudo que ouve? Cuidado: o outro pode, por insegurança, desejar mantê-la prisioneira, cativa, mesmo após ter conquistado a liberdade. Jantar com os filhos e o "ex" repetidamente ou espiar o Facebook do outro pode dar-lhe falsas esperanças. É uma cilada! Bem, talvez você cultue o sofrimento. Então, tudo certo.
Se houve uma separação, deixe-o partir. Perdoe-se e perdoe o outro. O passado da sua história sempre irá incluir o outro, mas novos textos humanos, afetivos e eróticos, podem ser escritos ou não. Se houver amor no seu coração, com o tempo perceberá algo maravilhoso na incerteza do futuro: você tem a oportunidade de se reinventar. Surpresas, que hoje não são possíveis, acontecerão. Acredite no amor e em você.