
O Mounjaro (tirzepatida) foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de obesidade. A aprovação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (9).
O medicamento está sendo comercializado no Brasil desde maio, mas, até então, só estava permitido para tratamento de diabetes tipo 2.
Com a aprovação desta segunda-feira, a caneta concorrente do Ozempic (semaglutida) também poderá ser utilizado para tratar sobrepeso e obesidade. Segundo informações do g1, o medicamento, que é aplicado de forma injetável e semanal, estará disponível nas dosagens 2,5mg e 5mg.
Abaixo, Zero Hora traz um apanhado sobre o assunto, apresentando os riscos e informações sobre o tratamento com esse medicamento. Confira.
Como o Mounjaro funciona?
A medicação atua em dois hormônios do organismo: o GIP, que estimula a liberação de insulina em resposta à ingestão de alimentos, e o GLP-1, responsável por sinalizar ao cérebro quando o indivíduo está alimentado. Esse é um diferencial em relação ao Ozempic e ao Wegovy, medicamentos parecidos que agem somente no GLP-1.
— O Mounjaro reduz mais a ingesta de alimentos e aumenta a secreção de insulina, potencializando mais o controle da glicose e a perda de peso — explica a endocrinologista e metabologista Rachel Giovanella.
Ou seja, o medicamento é capaz de regular os níveis de açúcar no sangue depois das refeições, o que ajuda a retardar a absorção de glicose dos alimentos. Ele também diminui o esvaziamento gástrico do estômago. Assim, promove a sensação de saciedade e reduz o apetite.
Benefícios e riscos
Rachel acrescenta que, no Brasil, embora seja indicado para tratar diabetes em adultos, ele também ficou famoso pelo uso offlabel para tratamento contra obesidade, uma vez que ajuda na redução das calorias ingeridas e na diminuição do peso, com vários estudos comprobatórios.
— Os pacientes que usam a semaglutida, que é o Ozempic e o Wegovy, na dose máxima, perdem, em média, 15% do seu peso corporal — relata a especialista. — Com o Mounjaro, nas doses mais altas, 57% dos pacientes perdem mais do que 20% do peso. Os benefícios são esses: maior potencial na perda de peso, no controle da glicose, na redução de pressão arterial e redução de triglicerídeos.
Os riscos, segundo Giovanella, dependem do histórico do paciente. O medicamento pode ser contraindicado para pacientes com triglicerídeos muito altos ou histórico de pancreatite, por exemplo.
Por isso, a endocrinologista ressalta que é importante fazer o tratamento com acompanhamento médico, para garantir a segurança dos pacientes, ajustar as doses corretamente e monitorar os possíveis efeitos colaterais.
Tratamento
O medicamento é injetável, assim como o Ozempic, e vem em cinco doses diferentes: 2,5mg, 5mg, 7,5mg, 12,5mg e 15mg. A endocrinologista explica que, idealmente, o paciente fará o aumento gradual das doses, conforme avança com o tratamento, sendo contraindicado começar pela dose mais alta. Depois, as dosagens podem ser diminuídas para a fase de manutenção.
— São medicamentos desenvolvidos para uso crônico, contínuo, porque a obesidade e o diabetes são doenças crônicas. Então, a partir do momento em que a gente retira o medicamento, a tendência é que a doença retorne, que a glicose suba e que o peso perdido volte. É muito importante que os pacientes entendam que não tem um prazo para usar o medicamento — reforça Rachel.
Efeitos colaterais e efeito rebote
Náuseas, diarreia, constipação, refluxo, dor abdominal, fadiga, tontura e desconforto gastrointestinal são alguns dos efeitos colaterais mais comuns do medicamento. Rachel ressalta, porém, que o medicamento proporciona um tratamento com menos efeitos adversos quando comparados a outros estímulos parecidos, como a semaglutida, por exemplo.
Além disso, a endocrinologista alerta que, ao parar de usar a medicação, o peso perdido pode voltar e os níveis de glicose no sangue podem subir novamente, causando o retorno da diabetes.
— Qualquer tratamento para obesidade, quando for interrompido, leva a um reganho de peso. Porque a doença volta a ficar sem tratamento. É igual um hipertenso: se ele retirar o remédio da pressão, a pressão sobe — pontua.
Endocrinologista explica mais sobre os três medicamentos
A endocrinologista Melissa Barcellos Azevedo, chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital Mãe de Deus, explica sobre as medicações.
Qual a diferença entre eles?
Ozempic e Wegovy são a mesma substância, o Inibidor de GLP-1, chamado semaglutida. A diferença entre eles é que no Ozempic a dose máxima é de 1mg e no Wegovy, 2.4 mg.
O Mounjaro é diferente dos outros dois. Em primeiro lugar, porque o nome é tirzepatida. É um agonista dual, ou seja, tem capacidade de ligar-se a dois tipos de receptores diferentes. Um deles é o GLP-1, e o outro é o GIP.
Em qual situação se deve usar cada um?
O Mounjaro e o Ozempic devem ser utilizados para o tratamento de diabetes, enquanto o Wegovy para a obesidade.
Quais as diferenças de efeitos adversos?
Há pouca diferença com relação a efeitos adversos, já que ambos atuam em locais semelhantes tanto em nível de TGI (trato gastrointestinal) como no cérebro. Os efeitos colaterais seguem os mesmos, principalmente náuseas.