
Vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Trindade afirmou nesta sexta-feira (6) que a judicialização da gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas é o último recurso encontrado para solucionar a situação da saúde no município da Região Metropolitana. Na quinta-feira (5), o Cremers acionou o Ministério Público para solicitar a intervenção estadual na instituição.
— Nunca quisemos tomar medidas mais drásticas como uma interdição do Hospital de Pronto Socorro de Canoas, que já vinha apresentando falhas e precariedade no seu atendimento há vários meses, não é uma situação que surgiu ontem — disse em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha.
Trindade explica que a rescisão unilateral do contrato da prefeitura de Canoas com o Instituto Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS) foi o estopim para o pedido de judicialização, impulsionado pela demissão dos profissionais especializados em atendimento de urgência que atuavam no HPS de Canoas.
— A judicialização é o nosso último recurso e nós nos vimos obrigados a tomar essa decisão. Essa medida que a prefeitura de Canoas fez, por fazer essa rescisão unilateral de uma hora para outra lá dessa empresa que fazia a gestão do hospital, com o desligamento dos profissionais de uma hora para outra, foi uma ação um tanto quanto precária ou até, de certa forma, desastrada por parte da prefeitura — argumentou.
O vice-presidente explicou como a medida impacta no atendimento à população:
— Agora simplesmente se dispensou os funcionários (do HPS) e o Hospital Nossa Senhora das Graças não tem condições nem técnicas para funcionar como um hospital de pronto-socorro, isso tem que ficar muito claro, isso que nos preocupou e que nos fez, até, tomar essa medida um tanto quanto drástica.
Trindade defende o pedido de judicialização citando a alta demanda por atendimento, que agora sobrecarrega a equipe reduzida do Hospital Nossa Senhora das Graças, que incorporou os serviços antes prestados por profissionais do HPS.
— A gente está atendendo com um quantitativo reduzido de profissionais, uma demanda 200%, 300% maior, o que sobrecarrega por demasiado.
Referência para o Estado
O vice-presidente do Cremers ainda destaca a importância de Canoas no atendimento a outros municípios do Rio Grande do Sul, defendendo a contratação de mais profissionais para atuação.
— Canoas é referência para 151 municípios do Rio Grande Sul. Por exemplo, se alguém sofre um acidente na rota romântica ali, no caminho para a serra gaúcha, esse paciente é referenciado para Canoas — iniciou. — Se ele (HPS) não estiver funcionando, para onde é que vai virar essa referência? Por isso, o Estado não pode se omitir nesse momento da sua obrigação, tanto com os munícipes de Canoas, quanto com toda essa grande população do Rio Grande Sul.